| 22/12/2003 18h53min
Líderes árabes do Golfo Pérsico anunciaram nesta segunda, dia 22, novas medidas conjuntas contra o terrorismo, o que inclui modificar a retórica dos livros didáticos que, segundo os Estados Unidos, alimenta o sentimento contra os judeus e cristãos. O anúncio ocorreu ao final da reunião anual do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), uma aliança política e militar entre Arábia Saudita, Kuweit, Omã, Catar, Barein e Emirados Árabes Unidos.
– Devido à preocupação do Conselho em melhorar a cooperação de segurança e a coordenação na luta ao terrorismo, ele deu seu aval à adoção de um tratado para combater o terrorismo – disse o grupo em seu comunicado final, lido pelo secretário-geral Abdul Rahman Al Attiya.
Desde os atentados de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos vêm pressionando os países do Golfo a reprimirem os militantes islâmicos violentos e a reformarem seus currículos educacionais. O chanceler kuweitiano, xeque Mohammed Al-Sabah, disse em entrevista coletiva que os ministros do Interior da região vão firmar o tratado em breve, e ele deve ser semelhante a um acordo que vigora desde 1998 entre países árabes, prevendo, por exemplo, mais troca de informações entre autoridades.
– Ele define exatamente o que é terrorismo e também lida diretamente com as fontes de financiamento e métodos de operação que devemos combater – acrescentou o xeque.
Com as reformas educacionais, devem sair de circulação os livros didáticos que descrevem os seguidores de outras religiões como infiéis e inimigos do Islã. Segundo alguns críticos, nas escolas sauditas é comum que as crianças tenham de completar sentenças como "Deus odeia...", sendo "os infiéis" a resposta correta.
Livros usados por crianças de 13 e 14 anos na Arábia Saudita também incentivam os alunos a não fazerem amizade com cristãos e judeus, porque "a emulação dos infiéis leva a amá-los''. Esse trecho já foi recentemente retirado. As autoridades norte-americanas lembram que 15 dos 19 sequestradores que agiram em 11 de setembro de 2001 eram sauditas, e que esse tipo de lição está na origem do sentimento antiocidental que leva aos atentados.
O CCG disse que a reforma educacional será feita a partir de um documento apresentado pelo príncipe-regente saudita, Abdullah. Durante a cúpula, o grupo – que reúne quatro países da Opep – também discutiu a questão da segurança no Iraque e saudou a captura de Saddam Hussein como "um incentivo à segurança e à estabilidade".
A cúpula de dois dias, realizada em meio a rígido esquema de segurança, também discutiu itens de integração econômica, como a criação de uma moeda única e de um mercado comum. Após a Líbia anunciar planos de se desfazer de suas armas de destruição em massa, o CCG pediu a Israel que se abra a inspeções nucleares mais regulares, para que todo o Oriente Médio fique livre de armas atômicas.
O comunicado não faz menção à proposta norte-americana de redução da dívida externa iraquiana, que teria sido discutida apenas nos bastidores da cúpula árabe. A delegação saudita disse que o tema deve ser totalmente negociado durante a visita do representante norte-americano para essa questão, James Baker. O Kuweit, invadido pelo Iraque em 1990, é contra a anistia à dívida iraquiana.
Com informações da Agência Reuters.
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