Em seu discurso anual sobre "a situação do mundo", proferido nesta segunda, dia 12, o papa João Paulo II, que se opôs à invasão do Iraque pelos Estados Unidos, disse que o país árabe havia, de toda forma, se "livrado de um regime opressor". Em sua mensagem a diplomas presentes no Vaticano, o papa também pediu que todos os países abrissem mão do terrorismo e da violência.

– O importante hoje é que a comunidade internacional ajude os iraquianos, que foram libertados de um regime opressor – afirmou em seu discurso. Entre os embaixadores presentes, havia representantes do Iraque e dos EUA.

No ano passado, João Paulo II enviou cardeais importantes para conversar com o presidente norte-americano, George W. Bush, e com o então presidente iraquiano, Saddam Hussein, a fim de tentar evitar o conflito. No dia 20 de março, forças lideradas pelos EUA invadiram o Iraque, derrubando Saddam do poder três semanas depois.

O Vaticano defendia que o país árabe fosse desarmado, mas por meio de esforços diplomáticos. Segundo o papa, os iraquianos devem agora "receber a chance de governar seu país, de consolidar sua soberania". Às vésperas da guerra, a Santa Sé evitou intencionalmente classificar Saddam como um dirigente opressor em uma tentativa de manter abertos os canais de comunicação com o governo iraquiano.

Reservadamente, porém, a Igreja Católica se mostrava crítica a Saddam e esperava que ele renunciasse para evitar uma guerra. O papa, 83 anos, que sofre do mal de Parkinson, pulou alguns trechos do texto escrito em francês. João Paulo II, porém, falou de forma clara e depois cumprimentou todos os diplomatas e seus acompanhantes individualmente.

O papa ainda homenageou o arcebispo Michael Courtney, enviado do Vaticano ao Burundi morto no mês passado, e o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, diplomata da Organização das Nações Unidas (ONU) morto em um atentado a bomba ocorrido no Iraque em agosto.

Com informações da Agência Reuters.