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A forma de organização do Fórum Social Mundial (FSM) na Índia deve inspirar Porto Alegre na formatação do evento em 2005. A sensação ficou clara após uma reunião do Comitê Internacional do FSM, onde o grupo indiano fez a apresentação final da estrutura de funcionamento do encontro realizado neste ano em Mumbai. A edição indiana do fórum começa nesta sexta, dia 16, e se encerra no dia 21.
– Os indianos se apropriaram de forma criativa de tudo o que ocorreu nos três primeiros fóruns. Os materiais locais utilizados na construção das estruturas físicas do Nesco Grounds (centro de exposições onde acontecerão as atividades) e a maneira como o programa foi estruturado são muito interessantes – acredita o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, intelectual que tem forte ligação com o FSM desde a sua criação.
O destaque na programação do Fórum é o grande número de atividades chamadas de autogestionadas, ou seja, que não foram propostas pela comissão organizadora e são desenvolvidas com autonomia pelas entidades participantes. Ao todo, são mais de 1,2 mil, propostas por 93 países. A Índia encabeça a lista, com o Brasil em segundo. O país inscreveu 109 oficinas no FSM.
– Aceitamos todas as inscrições solicitadas. E as entidades pediam espaços que reunissem uma grande quantidade de pessoas – conta Kamal Mitra Chenoy, do comitê indiano.
Segundo os próprios participantes do Fórum, é nas atividades autogestionadas que os movimentos realmente se organizam e trocam experiências. Para Francisco Whitaker, da Comissão de Justiça e Paz da CNBB (Conferência Nacional de Bispos do Brasil) e membro do Comitê Internacional do FSM, a tendência é a de que essas atividades ocupem cada vez mais espaço na programação do evento.
– Isso vai se repetir em Porto Alegre – garante Whitaker.
Fortalecer a participação popular é outra lição da Índia para o fórum, onde a cultura de mobilização política é muito forte e há duas raízes de movimentos. Uma é a dos movimentos de massa, que vêm dos partidos tradicionais, sindicatos e movimentos de mulheres. Outra é a dos movimentos populares, com características próximas ao dos sem-terra no Brasil.
– Trata-se de saber como estes dois movimentos vão conseguir trabalhar juntos a partir deste Fórum – diz Cristophe Aguiton, da rede de movimentos sociais Focus on the Global South e também membro do Conselho Internacional.
Na Índia, o comitê organizador é formado por 190 organizações, reunindo as mais diferentes tendências, abrigando inclusive os dalits, povo pertencente à casta indiana mais inferior e vítimas da maior exclusão social do país.
– Estive no último Fórum Social Mundial de Porto Alegre, no Brasil, e tenho conhecimento que a maioria da população brasileira é negra ou parda. No entanto, a participação de brasileiros pertencentes a esses grupos era bastante pequena comparada à dos brancos. – conta Ashok Bharti, da Conferência Nacional de Organizações Dalit (National Conference of Dalit Organisations), que reúne 200 entidades de grupos de intocáveis em toda Índia.
As informações são da Agência Brasil.
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