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Lula critica imposições do FMI e defende mudanças no organismo

Presidente disse que superar a desigualdade depende de decisão política

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta segunda, dia 16, a aplicação de ajustes fiscais duros em todos acordos do FMI com países pobres e defendeu mudanças na postura do organismo internacional.

– Sou daqueles que acreditam que o FMI vai ter que mudar o seu comportamento. O FMI não pode ter uma única receita para o desenvolvimento dos países pobres, que é o ajuste fiscal duro, muitas vezes não permitindo que os países cresçam –  disse Lula em entrevista coletiva, por video-conferência, no encerramento da Conferência Anual da Rede Parlamentar de Países Membros do Banco Mundial.

– Acho que o FMI precisa adotar a linguagem do crescimento econômico, da distribuição de renda, é preciso que o FMI comece a fazer uma diferenciação entre o que é investimento produtivo e o que é dívida.

Um missão do FMI se encontra no país para avaliar o cumprimento das metas que constam do acordo fechado entre o Brasil o Fundo no ano passado, especialmente a de superávit primário, de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB).

– Estou convencido que nós haveremos de ter esses avanços. Eu estou convencido, é apenas uma questão de tempo, uma questão de conversa – acrescentou o presidente.

No discurso que antecedeu as perguntas, Lula afirmou que superar a desigualdade depende de uma decisão política.

– A crônica do século 21 poderá lembrar esse período como aquele que exigiu de cada homem público uma dose adicional de vontade política, para erguer pontes – afirmou. As "pontes", segundo o presidente, são a cooperação internacional entre os países que passam fome e os ricos.

Lula criticou a globalização, que "não trouxe, até hoje, a prometida convergência da riqueza".

– Desequilíbrios históricos têm se agravado e distorções comerciais e financeiras continuam a drenar o mundo da escassez para irrigar o mundo da riqueza.

O presidente apresentou dados segundo os quais 57 milhões de latino-americanos vivem com menos de um dólar por dia e 58% das crianças vivem quase na extrema pobreza.

A criação de um fundo mundial de combate à fome também foi mencionado pelo presidente, que lembrou o grupo temático que apresentará em setembro as sugestões para levantar os recursos. Os programas Fome Zero e Bolsa-Família mereceram um balanço no discurso. As informações são da agência Reuters.


 
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