A violação do painel eletrônico do Senado foi planejada com antecedência e nos dois dias seguintes ocorreram várias tentativas de apagar a violação e ocultar os indícios. As informações constam no laudo técnico da Unicamp divulgado nesta quarta-feira. Para ter acesso à lista de votação os programas foram adulterados. O sistema fraudado operou o painel durante todo o dia 28 de junho de 2000, data em que foi votada a cassação do senador Luiz Estevão. Nos dois dias seguintes, ocorreram tentativas de fazer com que o sistema original voltasse a funcionar. A Comissão de Inquérito que investigou a fraude do painel interrogou 25 servidores da Casa. Concluiu que cinco estiveram diretamente ligados no processo e todos responderão administrativamente. O cronograma da fraude mostra que a ação começou na noite de 27 de junho, véspera da cassação do senador Luiz Estevão. A diretora do Serviço de Processamento de Dados do Senado, Regina Célia Borges, declarou que na noite anterior à votação recebeu determinação superior para obter, no outro dia, a lista com os votos da sessão secreta de Estevão. Depois de receber a ordem, Regina e o marido, o analista de sistemas do Prodasen, Ivar Alves Ferreira, procuraram o operador responsável pelo funcionamento do painel no dia seguinte. Outro funcionário foi indicado para informar como poderia ser realizada a operação desejada. Na manhã do dia 28, dois operadores fizeram a adulteração. A mudança permitiu que o voto do parlamentar ficasse gravado na memória e pudesse ser impresso. A diretora do Serviço de Processamento de Dados disse que entregou a lista a um assessor do líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF), Domingos Lamoglia. O assessor nega a acusação. A alteração foi desfeita dois dias depois, mas deixou rastros. As informações são da Rádio Gaúcha.