Antes mesmo de ser colocado em prática, o projeto da Secretaria Estadual de Segurança Pública que prevê a instalação de câmeras em áreas críticas das 19 maiores cidades catarinenses já começou a gerar polêmica. O presidente da seção catarinense da Ordem dos Advogados do Brasil, Adriano Zanotto, prepara uma ação civil pública para ser impetrada na Justiça Federal assim que for iniciada a instalação das câmeras. Segundo ele, o projeto se choca com o que determina o artigo 5º da Constituição Federal sobre privacidade. – A vida privada do cidadão não é só dentro de casa, é o dia-a-dia, explicou Zanotto, que defende investimentos na área social para combater o aumento da violência, em vez da compra de equipamentos do gênero. O coordenador do projeto, major da Polícia Militar, Vânio Dalmarco, defende a idéia com base na experiência de países desenvolvidos. Segundo ele, só na região metropolitana de Londres, na Inglaterra, um milhão de câmeras monitoram o cotidiano da população. Ele reconhece que não há informações precisas sobre a eficácia do sistema, mas cita dados alentadores obtidos pelo país europeu. Lá, conforme a PM catarinense, caiu em 90% o número de furtos de veículos em estacionamentos públicos e em 70% a ocorrência de pequenos roubos em áreas de grande fluxo de pessoas. A alegação de invasão de privacidade é refutada pelo major. – O sistema será instalado somente em locais onde há grande movimento. No início de maio, o projeto inicia, experimentalmente, em Florianópolis e Joinville, com a instalação de 86 equipamentos apenas na região central dos municípios. De acordo com o secretário de Segurança Pública, Antenor Chinato Ribeiro, até o final de 2002 outras 17 cidades também receberão o sistema, que faz filmagens num ângulo de 360 graus e o monitora crimes e ações suspeitas através de centrais de imagens. Veja no quadro abaixo os locais onde as máquinas serão instaladas.