Um carro-bomba supostamente preparado pela Al Qaeda destruiu nesta quarta, dia 27, um hotel do centro de Bagdá e casas vizinhas, matando, pelo menos, 27 pessoas e ferindo cerca de 40.

Tropas norte-americanas e equipes de resgate iraquianas foram ao local para retirar corpos dos escombros das casas e do hotel Monte Líbano, um prédio de cinco andares usado principalmente por iraquianos e árabes de outros países. Uma coluna de fumaça e chamas se erguia no céu noturno de Bagdá.

Em meio a muito sangue, os especialistas vasculhavam vidros quebrados e o concreto destruído em busca de sobreviventes e cadáveres. Autoridades disseram que a maior parte das vítimas era iraquiana. Os militares dos EUA afirmaram que não há ocidentais entre os mortos, mas que alguns civis norte-americanos e dois cidadãos britânicos ficaram feridos.

– Ouvi uma explosão e corri para a rua, e vi muita, muita gente morta. Havia crianças mortas – disse Raad Abdul Karim, de 30 anos.

–Temos 27 mortos e 40 feridos. A bomba tinha mil libras [450 quilos] de explosivos colocados junto com projéteis de artilharia – afirmou um porta-voz militar norte-americano. – Nossas indicações são de que esse ataque segue o padrão do Ansar Al Islam e de Zarqawi.

Abu Musab Al Zarqawi é um suposto membro da Al-Qaeda acusado por Washington de tentar desencadear uma guerra civil no Iraque. O Ansar Al Islam é um grupo militante islâmico supostamente ligado à Al-Qaeda, de Osama bin Laden.

Duas casas particulares foram danificadas na explosão, e três membros de uma mesma família estão desaparecidos. Moradores disseram que o bairro é habitado por sunitas, xiitas e curdos.
O tenente-coronel norte-americano Peter Jones disse que o hotel tinha 15 funcionários e 10 hóspedes – britânicos, libaneses, egípcios e jordanianos, entre outros.

A explosão aconteceu três dias antes do primeiro aniversário da invasão norte-americana no Iraque. Ela abriu uma enorme cratera em uma rua ao lado do hotel. O carro-bomba explodiu menos de uma semana depois de um atentado que matou 201 pessoas em trens de Madri e está sendo atribuído a grupos islâmicos.

Os guerrilheiros que combatem a ocupação norte-americana no Iraque já usaram vários carros-bomba, além de outros recursos, para cometer atentados nos últimos meses. Os hotéis são um alvo preferencial deles.

O governo dos EUA, que atribuiu o atentado a simpatizantes do regime deposto de Saddam Hussein e a militantes estrangeiros, prometeu não se deixar abalar.

– Vamos enfrentar este teste com força e resolução. A democracia está criando raízes no Iraque e não há volta – disse o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan. – Vamos continuar até acabar a tarefa para o povo iraquiano.

Os militares norte-americanos disseram que a "Operação Promessa de Ferro", uma nova ofensiva destinada a caçar guerrilheiros em Bagdá, continuaria ao longo da noite, apesar do atentado.

No campo político, o Conselho de Governo nomeado pelos EUA decidiu convidar uma equipe da Organização das Nações Unidas (ONU) para assessorar na formação de um governo interino até 30 de junho – apesar das queixas da maioria xiita, que vêem a entidade com reservas.

Washington quer que a ONU participe e dê legitimidade à escolha do novo governo, que não ocorrerá por eleições diretas. Uma equipe da ONU já esteve no Iraque no mês passado a pedido dos EUA para avaliar a possibilidade de que essas eleições fossem realizadas ainda neste semestre, como queria o líder xiita Ali Al Sistani. A ONU concluiu que não há condições de realizar eleições neste semestre, o que levou Al Sistani a aceitar um adiamento até o final do ano. As informações são da agência Reuters.