| 19/03/2004 20h06min
Sem o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) e de boa parte da população mundial, as ameaças dos Estados Unidos contra o Iraque se concretizaram na noite de 19 de março de 2003 (horário de Brasilia) com a alegação de que o ditador Saddam Hussein ocultava armamentos de destruição em massa. Desde 2002 o presidente norte-americano George W. Bush exigia a entrega das suspostas armas e a queda do presidente iraquiano, mas os equipamentos não foram localizados nem pelos inspetores de armas, nem pelos próprios Exércitos invasores dos EUA e da Grã-Bretanha.
Depois do descumprimento do prazo estipulado pelas forças anglo-americanas para o ditador Saddam Hussein, os filhos e colaboradores deixarem o governo, caiu sobre o céu de Bagdá uma série de bombas. Por volta das 5h35min (23h35min em Brasília), o primeiro míssil atingiu a capital iraquiana, aproximadamente uma hora e trinta minutos depois de terminado o ultimato. A ação foi batizada pela Casa Branca de ataque de decapitação.
Pelo menos duas dezenas de Tomahawk foram lançados contra instalações da liderança iraquiana. As forças americanas também usaram bombas de precisão dos Nighthawks F-117, os "aviões de combate invisíveis” das forças armadas. Essa seria apenas a primeira amostra da potência militar norte-americana.
Apenas 30 minutos após as sirenes da artilharia antiaérea soarem em Bagdá, o presidente dos EUA fez seu primeiro pronunciamento oficial. Um descuido na transmissão refletiu a confiança e presunção do governo norte-americano.
Imagens de um canal de serviço transmitidas pela rede britânica BBC por volta de 0h15min de quinta, dia 20, mostraram Bush minutos antes de iniciar seu primeiro comunicado. Com o olhar fixo na câmera e um meio-sorriso irônico, o presidente recitava em voz baixa o texto do discurso, enquanto uma maquiadora penteava seu cabelo. Apenas a passagem de auxiliares entre o presidente e a câmera e conversas laterais denunciavam que as imagens haviam ido ao ar por vacilo.
Durante a transmissão "oficial", o responsável pela maior força bélica do mundo, em apenas quatro minutos, admitiu que a guerra poderia ser mais longa e difícil do que se espera. Entretanto, mal sabia ele que durante o conflito, que durou 42 dias, o número de vítimas americanas seria pequeno perto das mortes registradas no pós-guerra. Até o dia 1° de maio, data em que Bush deu por finalizada a ofensiva, 115 soldados americanos morreram em combate e 23 em situações de não-confrontação. As baixas dos Estados Unidos somente no período que sucedeu o término do conflito já ultrapassam 500 soldados. Sucessivas emboscadas e explosões mostram que o combate prossegue e a presença das forças de coalizão é fortemente repelida.
No comunicado que marcou o início da ofensiva, Bush ressalvou que os Estados Unidos não tinham nenhuma ambição no Iraque e que suas tropas voltariam para casa assim que “cumprissem seu dever”. Passado um ano da guerra, os militares continuam no país e a população permanece sendo administrada pelas forças de ocupação.
O conflito no Iraque teve uma série de surpresas para as tropas norte-americanas. A melhor delas foi a fragilidade da Guarda Republicana, especialmente da Divisão Medina, responsável pela proteção do ditador e tida como ameaça ao sucesso da ocupação. A invasão de Bagdá, ocorrida na primeira semana de abril, mostrou que a guerra urbana não chegou a mobilizar a população da capital do país. Contudo, depois das batalhas oficiais, o povo iraquiano demonstra a insatisfação com a presença das tropas dos EUA e forças aliadas no país. A maior surpresa, no entanto, contradiz a convicção norte-americana de que o governo iraquiano mantinha armas de destruição em massa escondidas. Se foi fácil vencer o exército de Saddam Hussein, a procura pelos equipamentos continua e a credibilidade das forças invasoras ainda depende dessa busca.
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