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 | 29/04/2001 21h21min

Produtos brasileiros in natura são impedidos de entrar na Argentina

Os moradores de Dionísio Cerqueira (SC), Barracão (PR) e Bernardo de Irrigoyen (Argentina) foram surpreendidos neste fim de semana com a restrição de entrada de produtos brasileiros na Argentina. Segundo a equipe da barreira sanitária formada pela Companhia de Desenvolvimento Agrícola do Estado de Santa Catarina (Cidasc), Exército e Polícia Militar na Aduana de Dionísio Cerqueira, muitos argentinos que costumam fazer compras no Brasil voltaram para suas casas de sacolas vazias. Donas-de-casa com batata, tomate, verduras e carne que fizeram suas compras no comércio brasileiro não conseguiram passar pelas autoridades argentinas e tiveram que devolver os produtos. Não passou nada – afirma o médico-veterinário da Cidasc, Selvino Franzosi, em entrevista ao Diário Catarinense. Ele destaca que, devido à diferença do câmbio, os produtos na Argentina custam o dobro que no Brasil e por isso cerca de 3 mil pessoas passam diariamente na Aduana, além de 600 a 800 veículos. Com a proibição o movimento reduziu em torno de 70%, segundo Franzosi. Os comerciantes de Dionísio Cerqueira estão preocupados com a situação. Lauri Pivatto, dono de um supermercado, registrou neste sábado um prejuízo em torno de 20%. O problema maior foi da carne. Normalmente ele vende 120 quilos de carne por dia. No sábado, vendeu apenas 20 quilos. Ele aponta que a medida foi tomada em represália a presença do Exército na fronteira e espera que as autoridades encontrem uma solução. O chefe da unidade do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) em Bernardo de Irrigoyen, Adrian Fernando Malamud, explica que os argentinos estão apenas cumprindo uma lei que já existia. Malamud explica que havia uma certa tolerância e respeito em relação ao comércio entre os dois municípios para a passagem de produtos proibidos, como verduras, frutas, flores, carnes. Malamud justifica que os argentinos nunca se negaram a passar na desinfecção da Cidasc e aprovam o seu trabalho mas não concordam com a presnça do Exército na fronteira, com blindados e metralhadoras. Ele ressalta que os argentinos se sentiram ofendidos em terem fuzis apontados para suas casas e colégios. – Não entendemos o porquê dessa agressividade. Para Malamud, a atitude é descabida e prejudica a relação entre os municípios de fronteira do Brasil e Argentina. O chefe regional da Serviço argentino descarta um fechamento total da Aduana a produtos brasileiros. O que está restrito é apenas produtos animais e vegetais que possam transmitir doenças e pragas, argumenta.

 
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