| hmin
Dois anos depois de Jean-Marie Le Pen ter roubado a cena nas eleições presidenciais da França, seu partido, a Frente Nacional, conseguiu colher novos louros nas eleições regionais. O partido de extrema direita obteve 16% dos votos em todo o país no primeiro turno das eleições realizadas neste domingo, um de seus melhores resultados na história. O desemprego, as reformas econômicas e o medo do terrorismo ajudaram a Frente Nacional a chegar a esse resultado.
Para analistas, o pleito mostrou que as tentativas do presidente Jacques Chirac de varrer a Frente Nacional do cenário político foram até agora um fracasso.
– Isso mostra a capacidade da Frente Nacional de ser uma pedra no sapato tanto da esquerda quanto da direita - e principalmente da direita – disse Nonna Mayer, especialista em extrema direita do instituto político Cevipof.
Os partidos de de tendência esquerdista conseguiram somar 40% dos votos da eleição de domingo, enquanto a centro-direita ficou com 34%.
– A ameaça terrorista tende a alimentar o sentimento antimuçulmano – disse Stephane Rozes, do instituto de pesquisas CSA. Para ela, porém, o efeito desse fenômeno no resultado das eleições deve ter sido discreto.
No entanto, o bom resultado da Frente Nacional nas eleições regionais não chega nem perto em termos de grandeza do sucesso de Le Pen em 2002. Naquele ano, ele conseguiu cerca de 18% dos votos e foi para o segundo turno com Chirac, num resultado que causou arrepios na Europa.
O resultado é um avanço em relação aos 15% dos votos obtidos nas eleições regionais de 1998. Em algumas regiões no sul do país, a Frente Nacional chegou a conseguir 25% dos votos. Isso significa que o partido é capaz de sobreviver sem seu líder como candidato. Aos 75 anos, Le Pen, foi impedido de competir por detalhes técnicos, e passou a campanha excursionando pelo país como "torcedor-símbolo'' do partido.
– Foi uma surpresa que eles tenham conseguido esse resultado sem Le Pen como candidato – disse Jean-Marc Lech, do instituto de pesquisas Ipsos.
Assim como Le Pen nunca teve chance real de ser presidente em 2002, a Frente Nacional tem poucas chances de obter o controle de um dos 26 conselhos regionais da França na semana que vem. Mas, ao colocar candidatos no segundo turno em 17 regiões e dividir o voto da direita francesa, a derrota do governo se acentua.
A divisão da direita também facilita a vida dos socialistas, que pretendem ganhar o controle dos conselhos regionais, responsáveis pela regulação de temas como que vão desde o turismo até a construção de estradas locais.
– Um voto para a Frente Nacional é um voto para a esquerda – advertiu o porta-voz do governo Jean-François Cope, que ficou em segundo lugar na disputa pela região de Île-de-France, em torno de Paris, atrás do candidato socialista. A filha de Le Pen obteve 13% dos votos nessa região.
Com informações da agência Reuters.
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.