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Pelo menos 200 mil palestinos, muitos aos prantos, lotaram as ruas de Gaza nesta segunda, dia 22, para participar do cortejo ao corpo do xeique Ahmed Yassin, líder do grupo Hamas, assassinado por Israel. Na maior manifestação pública de que se tem notícia em Gaza, a procissão andou por três quilômetros até o local onde Yassin foi enterrado no Cemitério dos Mártires, na Cidade de Gaza.
– Hoje chorei como nunca. Não me lembro de ter chorado tanto nem quando meu próprio pai morreu. Acho que um futuro sombrio paira sobre esta região – disse o motorista de táxi da Cidade de Gaza, Ayman Oman, de 35 anos.
Yassin, que tinha 67 anos e era paralítico, era considerado um herói pelos palestinos. Ele foi assassinado com outras sete pessoas, quando três mísseis atingiram o grupo que saía de uma mesquita.
Yassin foi co-fundador do Hamas, que já matou centenas de israelenses em ataques suicidas. Israel quer eliminar os líderes desses grupos antes de começar a colocar em prática seu plano de retirar os colonos israelenses da Faixa de Gaza.
Centenas de militantes da organização e de outras facções, inclusive do movimento Fatah do presidente Yasser Arafat, também participaram do cortejo, todos armados e mascarados. O funeral foi a maior demonstração de apoio a um líder palestino desde a entrada triunfal de Arafat em Gaza, após a assinatura dos acordos de paz de Oslo, em 1994.
– Adeus, xeique Yassin, você foi o melhor e mais honesto líder – gritou uma mulher sentada numa esquina enquanto o corpo de Yassin era carregado nos ombro de homens do Hamas até o cemitério.
Há uma semana, Yassin disse à Reuters que "quando um líder do Hamas é morto, outros cem líderes surgem".
Votos de vingança a Israel foram ouvidos durante a procissão e pichados nos muros de um estádio de futebol onde os parentes de Yassin iriam se reunir depois do enterro.
– O assassinato do líder do Hamas equivale à decisão de executar centenas de sionistas – dizia a pichação em um muro.
Entre os que prestavam um último tributo a Yassin, estavam militantes com rifles e clérigos com suas roupas tradicionais. Algumas pessoas, sentadas em cadeiras de plástico, permaneciam silenciosas.
Representantes do grupo Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, que faz parte do Fatah, também juraram se vingar da morte de Yassin, chamando-o de "símbolo da resistência e da guerra santa dos palestinos".
O Hamas, que prometeu destruir Israel, é responsável por ataques que mataram um grande número de israelenses durante um período de três anos e meio de conflito.
† Hoje é o começo de uma nova Intifada – disse um servidor público chamado Ahmed, referindo-se à luta armada dos palestinos.
Mesmo com uma tentativa de Israel de matar Yassin em setembro e as recentes operações israelenses de assassinato seletivo a líderes do Hamas, Yassin não se escondeu, como muitos outros membros do grupo.
Ele continuou com sua rotina de comparecer às orações matinais na mesquita do Complexo Islâmico, que ele fundou e onde pregava a guerra santa contra Israel. Alguns dos vizinhos de Yassin desmaiaram ao ver sua cadeira de rodas amassada e ensanguentada.
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