A Turquia mostrou-se preocupada nesta quinta, dia 8, com a intensificação dos combates no Iraque e criticou veladamente os Estados Unidos por não conseguirem entender a complexidade política da região.

Os intensos combates travados em duas frentes dentro do território iraquiano nesta semana mataram 35 membros das forças de ocupação (a maior parte deles norte-americanos) e centenas de iraquianos. Esse cenário levou adversários do presidente dos EUA, George W. Bush, a sugerirem que a superpotência poderia estar, no Iraque, diante de um impasse semelhante ao vivido no Vietnã.

O governo turco teme que a instabilidade leve a um desmembramento do país árabe e à criação de um Estado curdo na fronteira dos dois países, algo que poderia incentivar a ação dos separatistas curdos dentro da Turquia.

– Acompanhamos com grande preocupação (os conflitos no Iraque). Há uma escalada bastante perigosa neste momento – afirmou o ministro turco das Relações Exteriores, Abdullah Gul, acrescentando não saber para onde o Iraque caminha.

– Quando não se conhece por completo a estrutura da região, coisas podem acontecer de repente e se intensificar. Espero que o conselho dado depois do começo dos conflitos seja levado em consideração – acrescentou Gul, sem dar maiores detalhes.

A Turquia pede há muito tempo que os EUA administrem o Iraque com cuidado, respeitando sua complexidade étnica, cultural e religiosa. O centro do país é dominado por árabes sunitas, o sul, por árabes xiitas, e o norte, pelos curdos.

Em março do ano passado, a Turquia, aliada dos norte-americanos na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), surpreendeu a superpotência quando seu Parlamento não autorizou a passagem de tropas dos EUA pelo território turco para chegar ao norte do Iraque.

O governo do primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, pró-ocidente, mais tarde tentou reaproximar-se dos norte-americanos oferecendo enviar forças de paz para o território iraquiano, mas o plano foi abandonado devido à forte oposição do Conselho de Governo do Iraque.

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Com informações da agência Reuters.