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Sunitas e xiitas se unem para lutar contra os EUA no Iraque

Etnias rivais estão unidas contra um inimigo comum no país árabe

Sob a cúpula do templo de Imam Ali, em Najaf, o guerrilheiro sunita Salah Jbouri declarou que tanto faz combater os Estados Unidos ao lado de xiitas ou de sunitas, duas etnias com uma longa história de rivalidade no Iraque.

– Os muçulmanos que querem defender a honra de seu país não se importam se a batalha é em Najaf ou em Falluja. Estamos lutando contra o mesmo inimigo – disse Jbouri, numa das mesquitas mais sagradas do mundo xiita.

Com o rosto coberto por um lenço árabe e um fuzil AK-47 no ombro, Jbouri tem a aparência típica dos insurgentes antiamericanos. Mas, mesmo com o rosto descoberto, é impossível dizer se é sunita ou xiita.

O povo iraquiano se viu dividido entre xiitas e sunitas depois da derrubada de Saddam Hussein pelas forças lideradas pelos EUA. A divisão parecia estar se aprofundando quando rebeldes do ''triângulo sunita'' começaram a atacar as forças norte-americanas, o que gerou temores de que partidários de Saddam estivessem tentando retomar o poder para os sunitas, que dominaram o país por décadas.

Mas a linha que distinguia xiitas de sunitas vem se tornando cada vez mais indefinida, desde o início dos ataques liderados pelo clérigo xiita Muqtada al-Sadr contra os norte-americanos, no mês passado. Hoje, muitos rebeldes de ambas as etnias dizem que em primeiro lugar precisam defender seu país e sua fé muçulmana. Eles acusam os EUA de tentar aprofundar o sectarismo entre os dois grupos.

– Os ocupantes vieram para demolir o Islã. Somos um povo só e vamos lutar até que hasteemos a bandeira do Islã sobre o Iraque – disse Haider Hussein, um companheiro xiita de Jbouri.

A alguns metros dali, uma multidão se reunia para assistir a um vídeo que elogiava a resistência sunita em Falluja, a explosiva cidade a oeste de Bagdá, algo inimaginável há poucas semanas.

Integrantes da milícia Mehdi, comandada por Sadr, dizem que os voluntários das cidades sunitas de Ramadi, Falluja e Mosul estão lutando ao lado de recrutas vindos do sul do Iraque, onde os xiitas predominam.

– Havia combatentes xiitas em Falluja, e agora há sunitas lutando com o Exército Mehdi – disse Kazem Assadi, comandante de um grupo de milicianos de Sadr em Kerbala.

– A resistência nas ruas não é nem sunita nem xiita, é islâmica – acrescentou.

O nacionalismo islâmico de Sadr o elevou a um status de mujahid, ou "guerreiro sagrado'', tanto para sunitas como para xiitas. Até há pouco tempo, ele era visto com desconfiança por sunitas radicais, mas isso mudou. Durante o enterro de um combatente, em Najaf, seus companheiros cantavam "Deus é grande. Os EUA são os inimigos de Deus. Sunitas e xiitas são irmãos.''

Com informações da agência Reuters


 
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