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Uma denúncia de desvio de cerca de R$ 900 mil repassados pelos governos de São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal à Organização Não-Governamental (ONG) Ágora envolve o empresário Mauro Dutra (amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva) e um assessor do ministro da Casa Civil, José Dirceu. Segundo reportagem da revista Veja, que chega esta semana às bancas, aproximadamente 50 notas fiscais frias emitidas por empresas fantasmas e localizadas na contabilidade da Ágora serviam para desviar parte do dinheiro de programas de capacitação profissional de jovens.
Conforme a investigação de promotores do Ministério Público, o dinheiro teria saído do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e deveria ter sido aplicada na qualificação de trabalhadores no Distrito Federal, em São Paulo e no Rio Grande do Sul, regiões que firmaram convênio com a ONG petista. Na contabilidade da Ágora, porém, em vez de confirmarem o uso do dinheiro de acordo com o previsto, auditores acharam notas fiscais frias.
A revista Veja teve acesso a parte das 54 notas frias de 33 empresas que teriam prestado serviço à Ágora. A reportagem não encontrou os fornecedores nos endereços apontados nas notas fiscais. O Ministério Público suspeita que as notas fiscais possam ter sido falsificadas para encobrir o desvio de recursos públicos.
A Ágora foi criada em 1993 pelo empresário Mauro Farias Dutra, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Através de convênio com o poder público, ela dá cursos de capacitação profissional. Em entrevista à Veja, Dutra assumiu a responsabilidade pelos equívocos administrativos sob investigação e traçou três justificativas: ou o dinheiro foi "afanado" por alguém, ou foi desviado para a campanha do PT – possibilidade que para ele existe apenas no plano da teoria –, ou foi realmente destinado a cursos de qualificação, embora as notas sejam frias.
A investigação contra a Ágora pode atingir um assessor do chefe da Casa Civil, José Dirceu, Swedenberger Barbosa. Na gestão de Cristovam Buarque como governador do Distrito Federal, Barbosa era seu auxiliar mais próximo. Quando Cristovam Buarque tentou um segundo mandato, Barbosa foi o coordenador de sua campanha. Em abril de 2001, resolveu associar-se à Ágora, de onde só saiu em janeiro do ano passado, para assumir o cargo de secretário-executivo da Casa Civil.
Com informações do Globo Online e do jornal Zero Hora.
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