| 29/05/2001 07h34min
A economia gaúcha deve se beneficiar com o racionamento de energia elétrica no Sudeste, região que nos últimos cinco anos concentrou em média 60% das intenções de investimentos no país. A constatação é de uma pesquisa da Simonsen Associados. Para a sócia-diretora da consultoria Maria Ângela Conrado, embora toda a Região Sul deva atrair novos negócios em razão da crise energética, o Rio Grande do Sul é o Estado com maior potencial de captação. O levantamento revela que, entre investimentos anunciados no último trimestre no país, o Estado atraiu 6,7% das intenções, ante 0,4% do Paraná e 2,5% de Santa Catarina. De 1995 a 2000, o índice de atração do Rio Grande do Sul também superou o dos vizinhos do Sul – 7,1%, contra 5,9% do Paraná e 3% de Santa Catarina. A sócia-diretora da Simonsen aposta na alta competitividade do Sul na briga com o Norte – por enquanto, também fora do racionamento – por novos projetos das indústrias. A disputa com o Centro-Oeste tende a ser mais acirrada. Os benefícios imediatos ao Sul são acordos operacionais e produtivos ou mesmo joint ventures com empresas da região, que ainda não precisam reduzir o consumo energético. Segundo Maria Ângela, é crescente o número de companhias, sobretudo dos setores de alimentos, plásticos e produtos de limpeza, que procuram a Simonsen Associados para viabilizar esse tipo de parceria. Outra alternativa para driblar a crise é transferir parte da produção para unidades já localizadas nos Estados do Sul. A Sadia, que tem oito unidades na região – a maioria em Santa Catarina – já estuda essa solução. A disponibilidade energética, segundo Maria Ângela, deve figurar como restrição também nas decisões futuras de investimentos no país. Pesquisa realizada em abril do ano passado pela Simonsen Associados e pela Câmara de Comércio Americana (Amcham) com 72 executivos revelou que a falta de infra-estrutura – que inclui a oferta de energia – era o sexto maior fator inibidor para novos projetos. Com o colapso no abastecimento de eletricidade, a situação energética tende a competir com fatores como mão-de-obra, frete e incentivos fiscais como restrição a novos investimentos.
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