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O milho está saindo do anonimato na balança comercial brasileira. As vendas do produto no mercado internacional deram um salto, passando de US$ 97,1 milhões nos cinco primeiros meses de 2003 para US$ 320,3 milhões no mesmo período deste ano. A comercialização aumentou em quase quatro vezes. Em volume, as exportações triplicaram, de 929 mil toneladas para 2,7 milhões, e já significam 77% do total embarcado em 2003.
O fenômeno é explicado em grande parte pela colheita volumosa que o Brasil teve no ano passado, o que permitiu aos distribuidores começarem o ano com os estoques abarrotados e preços competitivos para o mercado internacional.
– Houve uma depressão dos preços no mercado interno em função da boa safra que tivemos no ano passado – diz o chefe do departamento de economia da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Getulio Pernambuco.
A colheita do ano passado alcançou 47,4 milhões de toneladas. No ano anterior, a safra havia ficado em apenas 35,3 milhões.
Grande parte dos grãos exportados – 2,6 milhões de toneladas – foi enviada ao mercado internacional até o mês de abril.
– Os europeus vieram ao Brasil no final do ano passado e acertaram importações de milho para o início deste ano – diz o economista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Carlos Eduardo Tavares.
A Europa precisou recorrer ao milho brasileiro em função de uma seca que enfrentou em 2003. Em maio, porém, os embarques da commodity já começaram a diminuir, dando lugar à soja brasileira, nos principais portos do país, e ao milho norte-americano, que está entrando no mercado internacional.
– As três principais plataformas de exportação (Santos, Paranaguá e Rio Grande) estão dando preferência à soja – diz Tavares.
O preço do milho brasileiro também já não está tão baixo e, portanto, menos competitivo no mercado internacional. O motivo é a redução interna da colheita.
– Neste ano teremos uma diminuição de 10% da produção em relação ao ano passado – diz Pernambuco.
A safra deve cair para 42,6 milhões de toneladas. A colheita terá cinco milhões de toneladas a menos do que no ano passado. Ainda será muito maior, porém, que a de 2002. De acordo com o chefe do departamento econômico da Conab, os preços baixos pagos no ano passado e início deste ano acabaram desestimulando o produtor rural a plantar.No Paraná, por exemplo, a saca de 50 quilos está sendo vendida por cerca de R$ 20. Em janeiro ela estava cotada a R$ 16 e em junho do ano passado a R$ 15.
– No início deste ano se começou a falar em quebra da safrinha e os preços aumentaram – explica Tavares.
A safrinha é plantada por volta do mês de março e colhida em julho, enquanto que a safra vai de setembro a fevereiro. No primeiro trimestre, o mercado esperava uma safrinha de seis a oito milhões de toneladas. A previsão, porém, foi revista para 9,7 milhões de toneladas. O número é maior do que a estimativa inicial, mas menor do que os 12,7 milhões colhidos em 2003.
As exportações brasileiras de milho deste ano não devem ficar abaixo das 3,5 milhões de toneladas do ano passado.
– Mas não devem chegar a cinco milhões de toneladas – afirma o economista da Conab.
Na verdade, para as vendas internacionais aumentarem, os brasileiros precisariam produzir mais milho e aumentar a produtividade das lavouras.
– O nosso milho ainda tem muito a melhorar. Produzimos entre 3,5 mil e 4 mil quilos por hectare, enquanto nos Estados Unidos a produção fica entre 8 mil e 9 mil quilos – diz Tavares.
De acordo com o economista, o Brasil não utiliza nem metade das terras disponíveis para a agricultura no país. Entre janeiro e abril deste ano, os maiores compradores do milho brasileiro foram a Coréia do Sul, o Irã e a Espanha. A Coréia, maior cliente no período, adquiriu 523 mil toneladas, o Irã 369 mil e a Espanha 313 mil. Os países árabes compraram 41 mil toneladas. Os destinos, entre os árabes, foram a Arábia Saudita, com 9,9 mil toneladas, e o Marrocos, com 31 mil toneladas.
As informações são da Anba.
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