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O pai do norte-americano decapitado no Iraque, Michael Berg, acusou nesta terça, dia 29, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e a imprensa norte-americana de ignorar "a face terrível da guerra".
– Pessoas como George Bush e Donald Rumsfeld (o secretário de Defesa dos EUA) não vêem a dor que as pessoas têm de suportar (...) Eles não sabem o que é ter sua alma dilacerada – disse Berg numa entrevista coletiva.
O corpo de Nick, foi encontrado no acostamento de uma estrada em Bagdá, e um vídeo mostrando a decapitação foi publicado num site islâmico na Internet, em maio.
– O que estou tentando fazer é mostrar ao povo americano e britânico... que a guerra tem uma face abominavelmente terrível – disse o pai de Nick Berg.
Michael Berg foi a Londres para discursar numa manifestação contra a presença de tropas estrangeiras no Iraque, programada para a próxima quarta, dia 30, dia em que ocorreria a transferência oficial de poder no Iraque. A entrega da soberania acabou sendo antecipada para a última segunda, dia 28.
Nick Berg, de 26 anos, foi ao Iraque várias vezes em busca de trabalho. Ele desapareceu no dia 9 de abril.
– Ele achava que estava ajudando o povo iraquiano e a administração Bush por ir lá, portando não uma arma, mas seu equipamento de engenharia – disse o pai.
Segundo ele, tanto Bush como a imprensa norte-americana vêm ignorando os "horrores reais''. Em entrevistas anteriores, Michael Berg já havia responsabilizado Bush e Rumsfeld pela morte do filho.
Ele afirmou acreditar que o sentimento antiguerra esteja muito forte nos EUA.
– Há pelo menos 11 mil cidadãos iraquianos mortos, e a família de cada um foi tão afetada quanto a minha. Mas a imprensa norte-americana não cobre essas pessoas. Ela não cobre quem mais sofre – disse.
Nick Berg foi um entre as dezenas de estrangeiros sequestrados no início de abril, quando as forças dos EUA lançaram uma ofensiva na cidade de Falluja, um foco de resistência. O governo acredita que ele tenha sido decapitado por Abu Musab al-Zarqawi, que apóia a rede Al Qaeda.
Desde sua morte, militantes decapitaram o refém norte-americano Paul Johnson, na Arábia Saudita, e o sul-coreano Kim Sun-il, no Iraque. Todas as execuções foram filmadas, e as vítimas vestiam macacões cor de laranja semelhantes aos usados em prisões norte-americanas, como a de Guantánamo.
– Isso não é um jogo para Washington jogar. Afeta pessoas do mesmo modo como afetou a mim, a minha família e às famílias de Paul Johnson, Kim Sun-il e às de milhares de iraquianos. Observar a dor de alguém nos faz imaginar como eles (Bush e Blair) são capazes de fazer isso. Não há dinheiro no mundo que possa fazer isso valer a pena – disse Michael Berg.
Com informações da agência Reuters.
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