| 07/07/2004 21h17min
Os Estados Unidos transferiram 1,8 tonelada de urânio enriquecido do Iraque para um lugar seguro, mais de um ano depois de o material ter sido saqueado de uma instalação lacrada da Organização das Nações Unidas (ONU) que havia sido mantida desguarnecida pelas tropas norte-americanas.
O urânio levemente enriquecido, que poderia ser usado em uma bomba radiativa, foi levado de avião para um local não-revelado, depois de ser removido do complexo nuclear de Tuwaitha, ao sul de Bagdá. O local já foi um centro do programa iraquiano de armas nucleares.
O secretário de Energia dos Estados Unidos, Spencer Abraham, disse que a transferência do urânio para um local do seu Departamento foi "um grande feito do governo Bush para manter materiais nucleares potencialmente perigosos longe dos terroristas".
– A transferência também põe este material fora do alcance de países que possam tentar desenvolver suas próprias armas nucleares – disse Abraham em uma declaração por escrito que não fez referência ao saque.
Washington acusa a Síria e o Irã, vizinhos do Iraque, de terem ambições no campo das armas atômicas. O complexo nuclear de Tuwaitha foi desativado no começo da década de 1990, depois da primeira Guerra do Golfo, mas várias toneladas de material radiativo permaneceram ali, sob o lacre da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea, um órgão da ONU), até a guerra no Iraque. Depois da invasão norte-americana do ano passado, o lugar ficou sem vigilância e foi saqueado por civis.
Em junho de 2003, após repetidos alertas da Aiea de que o material saqueado poderia ser usado em armas, os EUA, constrangidos, permitiram que uma equipe da Aiea voltasse ao local para tentar reagrupar o urânio. Nas aldeias próximas a Tuwaitha, algumas pessoas, especialmente crianças, já mostram sinais de doenças radiativas. Grande parte do material, segundo os especialistas da Aiea, foi enterrada pelos moradores, que estavam mais interessados nos invólucros do que no urânio.
A Aiea conseguiu recuperar quase todo o urânio, com exceção de 40 quilos. No total, trata-se de 1,8 tonelada desse material, enriquecido com 2,6% do isótopo 235 do urânio. Com essa mistura, o material pode ser usado em uma "bomba suja" – explosivo comum que libera radiação. Se for mais enriquecido, pode servir de combustível para uma bomba atômica.
A equipe considerou que a quantidade do material que não foi recuperada é pequena demais para constituir um perigo. Os EUA dizem que retiraram o urânio do Iraque "para garantir a segurança do povo iraquiano", mas funcionários da Aiea disseram que Washington não tinha autoridade para isso.
Com informações da agência Reuters.
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