| 03/08/2004 20h25min
Os soldados norte-americanos que maltrataram prisioneiros iraquianos na prisão de Abu Ghraib o fizeram só para se divertir. Essa foi a afirmação de um investigador militar, durante testemunho na audiência sobre o caso da soldado fotografada segurando uma coleira atada a um iraquiano nu, nesta terça, dia 3.
O tribunal militar se reuniu em Fort Bragg, na Carolina do Norte, para decidir se a soldado Lynndie England, 21, será levada a julgamento pelo escândalo que indignou o mundo árabe e deixou a administração Bush em situação embaraçosa diante do mundo.
O primeiro-sargento Paul Arthur, principal investigador do escândalo de Abu Ghraib, foi a primeira testemunha a depor no caso em Fort Bragg, onde a soldado England, hoje grávida, está desde seu retorno do Iraque. Arthur disse ao tribunal militar que England afirmou, sob juramento, em janeiro, que um de seus superiores, Charles Graner, lhe pediu para posar para a foto. Segundo a imprensa dos EUA, Graner, que também está sendo acusado, é o pai do filho de England.
O primeiro-sargento repetiu várias vezes que England e outros soldados estavam apenas brincando. Questionado se havia concluído por que os soldados maltrataram os prisioneiros, Arthur disse:
– Basicamente era só para se divertirem... e para desabafar sua frustração.
Usando uniforme camuflado, botas e barrete, England entrou no tribunal pouco antes do início da audiência e ignorou as dezenas de câmeras e repórteres. Ela respondeu com "sim, senhora'' e "não, senhora'' a uma série de perguntas da investigadora coronel Denise Arn sobre as acusações.
England está sendo acusada junto com outros seis reservistas da Polícia do Exército dos EUA. Ela alegou estar cumprindo ordens ao posar para as fotos, em que aparece sorrindo e apontando para os genitais de um preso nu. Em relação a isso, o agente especial Warren Worth disse não ter encontrado evidências de que as ordens partiram de um nível superior ao de Graner e do sargento Ivan Frederick, que também está entre os acusados.
Na audiência, Arn vai decidir se o caso deve ir a julgamento. England é acusada de conspiração e de maus-tratos de prisioneiros iraquianos, além de assediar os prisioneiros, cometer atos prejudiciais à ordem, cometer atos de indecência, descumprir uma ordem e possuir fotos de sexo explícito. Algumas das acusações não têm relação direta com o escândalo.
A pena máxima inclui a expulsão e até 38 anos de prisão. Os advogados de England alegam que ela foi um símbolo das falhas das políticas de guerra dos EUA. Eles poderão convocar testemunhas de defesa, mas o pedido de convocar o vice-presidente Dick Cheney e o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, foi negado.
Com informações da agência Reuters.
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