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Aviões norte-americanos bombardearam nesta quinta, dia 19, os arredores de uma mesquita sagrada onde uma milícia radical xiita está entrincheirada. Seu líder, Moqtada al-Sadr, ignorou uma última exigência de rendição feita pelo governo iraquiano.
Os Estados Unidos fizeram sucessivos ataques contra as posições de Al-Sadr que se agrupam dentro e em torno da mesquita do Imã Ali, o lugar mais sagrado para os xiitas no Iraque. Durante a noite, o céu de Najaf ficou iluminado por clarões brancos e laranjas, mas não ficou claro se isso marca o início da invasão prometida pelo governo.
Uma grande nuvem de fumaça se ergueu do antigo cemitério onde há duas semanas acontecem confrontos entre os homens de Al-Sadr e as tropas norte-americanas. Foram ouvidas rajadas de metralhadoras. Há blindados dos EUA na área.
– Este é um último apelo para que se desarmem, esvaziem o templo sagrado, admitam o trabalho político e considerem os interesses da pátria – disse o primeiro-ministro interino Iyad Allawi numa entrevista coletiva de madrugada.
Em uma carta atribuída a Al-Sadr, o clérigo pedia que seus combatentes entreguem o controle da mesquita às autoridades religiosas locais, mas rejeitava a exigência de desmantelar a milícia Mehdi e participar do processo político. Mas a carta tinha um selo que não é consistente com os que apareciam em cartas anteriores de Al-Sadr.
Dentro da cidade, onde as ruas estão tomadas por cartuchos de projéteis disparados, o clima é de contestação. Um homem caminhava por uma rua próxima à mesquita levando duas granadas e xingando Allawi e as tropas apoiadas pelos EUA.
– Eles são uma piada. Que venham. Estamos esperando pela luta e todos nós queremos ser mártires, então não temos o que perder – disse o combatente Ibrahim.
Longe dali, três morteiros atingiram uma delegacia, matando sete policiais e ferindo 21, segundo as autoridades, que atribuíram o ataque à milícia Mehdi.
Em Basra (sul), testemunhas disseram que sabotadores incendiaram a sede da empresa estatal de petróleo South Oil Co..
– Não foi acidente. O fogo é enorme – disse um funcionário do local.
Aviões dos EUA também bombardearam alvos muçulmanos sunitas na cidade de Falluja, segundo testemunhas.
Em Bagdá, um morteiro atingiu o teto da embaixada norte-americana, na vigiadíssima Zona Verde, ferindo levemente dois funcionários, segundo um porta-voz.
Al-Sadr retomou a sua tradicional retórica desafiadora depois de passar dois dias dando sinais de que desarmaria a milícia e encerraria as duas semanas de impasse na mesquita.
Questionado sobre as exigências do governo, o xeique Ahmed Al Sheibani, importante assessor de Al-Sadr e comandante da Mehdi, disse a jornalistas:
– Está muito claro que as rejeitamos.
A rebelião abala a autoridade de Allawi, mata centenas de pessoas e atinge o mercado mundial de petróleo. A cotação do barril de referência nos EUA atingiu US$ 48,75, um novo recorde.
Allawi se disse satisfeito com os eventuais comentários conciliadores por parte de Al-Sadr e seus seguidores, mas cobrou algo concreto por escrito. Ele não quis dizer se há um prazo para que o clérigo se renda, mas autoridades de primeiro escalão disseram que é questão de horas.
Mas invadir a mesquita pode jogar o governo contra a maioria xiita da população especialmente se a ação contar com envolvimento dos 2.000 marines dos EUA que cercam o local. O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, disse que Al-Sadr tem de cumprir as exigências do governo.
– O governo iraquiano deixou claro que ele não pode ter uma lei à parte para si.
As informações são da agência Reuters.
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