Terrorismo, erro humano ou falha mecânica são explicações plausíveis para os dois acidentes aéreos quase simultâneos na Rússia, que mataram 89 pessoas, disse na quarta, dia 25, o principal investigador do país.

O procurador-geral Vladimir Ustinov afirmou ao presidente Vladimir Putin que não tinha uma idéia clara sobre o que aconteceu com os aviões, que partiram do aeroporto Domodedovo, em Moscou, na noite de terça, com mais ou menos uma hora de intervalo, com destinos diferentes. Eles caíram a poucos minutos um do outro.

– Estamos analisando várias versões, entre elas a de um ato terrorista e as de fatores humanos e técnicos – disse Ustinov a Putin durante uma reunião com os chefes do serviço de segurança FSB e do Ministério das Emergências, transmitida pela TV.

Um Tu-134 que ia para Volgogrado caiu perto da cidade de Tula, ao sul de Moscou. Poucos minutos depois, a 800 quilômetros dali, um Tu-154 que ia para a cidade turística de Sochi, no mar Negro, caiu próximo à cidade de Rostov-on-Don.

A empresa proprietária do Tu-154, a Sibir Airlines, disse que os pilotos acionaram um alerta de sequestro pouco antes da queda. Havia 46 pessoas a bordo.

– A mensagem foi gerada pouco antes de perdermos contato com o avião e de ele ter desaparecido das telas do radar – disse a segunda maior empresa aérea da Rússia num comunicado. A dimensão da área em que os destroços se espalharam indica que o avião explodiu no ar, segundo informações da empresa.

A Volga-Aviaexpress, uma empresa regional proprietária do Tu-134, disse que a tripulação não mencionou nenhum problema antes de o avião cair, com 43 pessoas a bordo. O Ministério das Emergências depois disse que havia 44 pessoas na aeronave.

Com a ajuda de guindastes, investigadores vasculhavam os destroços. Grandes pedaços de metal, assentos e roupas estavam espalhados por dezenas de quilômetros.

Putin, que interrompeu suas férias no resort de Sochi, no mar Negro, para voltar a Moscou, ordenou ao FSB que investigasse o caso, o que normalmente só acontece quando há suspeita de terrorismo.

O temor de ataques na Rússia é grande por causa das eleições presidenciais de domingo na região separatista da Chechênia. Rebeldes prometeram atrapalhar o pleito. Para analistas, é pequena a chance de dois aviões terem problemas técnicos ao mesmo tempo.

– Se não for sabotagem, é esquisito – disse David Learmount, editor de operações e segurança da revista Flight International.

Na Chechênia, onde Moscou combate rebeldes separatistas por mais de uma década, rebeldes iniciaram uma grande ofensiva na capital Grozny na semana passada.

Separatistas chechenos negaram participação na queda dos aviões. Questionado se seu grupo era responsável, Akhmed Zakayev, porta-voz do líder separatista checheno Aslan Maskhadov, disse:

– É claro que não. Para nós qualquer forma de terrorismo é absolutamente inaceitável. Já o condenamos e continuamos a condená-lo – afirmou.

Um especialista em inteligência no Oriente Médio, sem contato direto com os dados sobre as quedas, disse que "as primeiras indicações são de que isso seja uma operação da Al-Qaeda ou de um grupo simpatizante local''. Ele afirmou que a Al-Qaeda vem tentando fazer investidas na Chechênia.

Testemunhas em solo ouviram uma explosão antes que o Tu-134 caísse, 150 quilômetros ao sul de Moscou.

– Por volta das 23h (16h em Brasília), cinco minutos a mais ou a menos, houve um estranho barulho no céu, depois este livro rasgado caiu em nossa garagem – disse um morador local à NTV, mostrando o livro com as páginas amassadas.

Foram abertas investigações criminais locais sobre as duas quedas. Investigadores encontraram as caixas-pretas dos dois aviões e as enviaram a Moscou para análises. Segundo a imprensa local, as autoridades esperavam obter as informações das caixas-pretas até quinta, dia 26.

Com informações da Agência Reuters.