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A indisciplina verbal do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, agravou a crise entre ele e o governo. Nesta sexta, dia 12, segundo informação transmitida pela Agência Estado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já teria decidido demitir Lessa e os diretores por ele indicados, como o vice-presidente do banco, Darc Costa.
A tensão aumentou na quinta, quando Lessa anunciou que o banco encerraria 2004 com um contrasenso no balanço: lucro recorde de mais de R$ 2 bilhões e uma sobra de caixa de, pelo menos, R$ 6 bilhões. Lessa debitou na conta da equipe econômica e da iniciativa privada a culpa pelo encalhe de recursos do orçamento.
Até a noite de sexta, porém, o Palácio do Planalto negava a demissão. Lessa trabalhou até as 20h na sede do banco no Rio. Seus assessores ironizaram os boatos, dizendo que seria "mais uma das demissões do Lessa" e que um "dia a imprensa acerta".
– Não dá mais. O Lessa não tem jeito – teria dito Lula, ao comentar sua decisão, segundo um auxiliar.
Lula informou a parlamentares, ministros e governadores que havia tentado demitir Lessa outras vezes, mas sempre recuou a pedido de aliados. Da última, Lessa foi salvo da degola pelo governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), que deixou seu Estado e foi se encontrar com Lula em Brasília.
Agora, Lula teria feito a comunicação aos auxiliares e ao próprio presidente do BNDES, o que teria levado Lessa e Costa a se anteciparem ao anúncio da demissão e concederem duas agressivas entrevistas, nas quais atacaram com violência o Ministério da Fazenda, o Banco Central e seus titulares, Antonio Palocci, e Henrique Meirelles.
– A política monetária conduzida por Meirelles tem a plena aprovação do presidente Lula. É inadmissível um funcionário assumir papel de franco-atirador e sair atirando contra o governo que serve. O Banco Central vive de credibilidade e não pode ficar exposto a ataques desrespeitosos – afirmou na sexta o deputado Paulo Bernardo (PT-PR), presidente da Comissão de Orçamento do Congresso.
A irritação de Lula com as vingativas palavras de Lessa aumentou quando este levantou suspeitas graves contra Meirelles. Disse que não sabia se Lessa é o financiador da orquestra (de desmontar o banco), mas, sim, que é o regente. Na quarta-feira, em entrevista na Embaixada do Brasil em Buenos Aires, Costa, no mesmo tom agressivo, afirmou que a intenção do Ministério da Fazenda de reduzir os créditos dirigidos era "uma volta ao neoliberalismo".
Ministros influentes, como o da Casa Civil, José Dirceu, e o da Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, que já defenderam Carlos Lessa, deixaram de fazê-lo. O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse desconhecer qualquer decisão de Lula sobre a permanência de Lessa:
– Não recebi nenhuma correspondência.
As informações são de Zero Hora.
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