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 | 14/01/2005 21h19min

Venezuela suspende acordos com Colômbia devido a seqüestro

Líder das Farc teria sido capturado em território venezuelano

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ordenou nesta sexta, dia 14, a suspensão de todos os acordos e negócios com a Colômbia para protestar contra uma operação policial colombiana na qual um líder rebelde marxista daquele país foi seqüestrado em território venezuelano.

Chávez não explicou se se refere a todo comércio bilateral ou apenas a acordos e negócios entre os governos. Mas mencionou, por exemplo, que a medida vai congelar um projeto oficial conjunto dos dois países para construir um gasoduto na fronteira.

A Venezuela, o quinto maior país exportador de petróleo, é o segundo maior mercado de exportação da Colômbia, sendo que o comércio bilateral totalizou mais de US$ 2 bilhões nos 11 primeiros meses do ano passado.

Chávez anunciou a medida depois de chamar de volta seu embaixador em Bogotá em protesto contra a operação da polícia colombiana em dezembro, que diz ter seqüestrado Rodrigo Granda, chefe de relações exteriores do grupo rebelde colombiano Farc, na capital venezuelana.

– O embaixador não vai voltar até que o governo colombiano peça desculpas – disse ele.

O aparente seqüestro do guerrilheiro levantou dúvidas sobre a existência de atividade de rebeldes colombianos em países vizinhos e dos métodos utilizados pela Colômbia, que tem o apoio dos Estados Unidos para combatê-los.

A missão secreta colombiana para capturar Rodrigo Granda mostrou que o governo colombiano está adotando uma postura agressiva contra as operações rebeldes no exterior. O resultado dessa captura expôs a tênue linha que Bogotá tem de adotar para controlar suas porosas fronteiras, mas não criar atritos com os vizinhos Venezuela e Equador, segundo analistas.

A Venezuela convocou na quinta seu embaixador em Bogotá, dizendo que Granda foi capturado perto de uma estação de metrô de Caracas, em dezembro, por policiais antiseqüestro venezuelanos subornados pelo governo colombiano. As autoridades venezuelanas consideraram o incidente uma violação da sua soberania.

Tentando limitar o estrago diplomático, a Colômbia disse que prendeu Granda em seu território. Mas fontes militares e policiais da Colômbia admitiram, sob anonimato, que seqüestraram Granda, com a ajuda dos Estados Unidos. Granda participava de uma conferência de simpatizantes latino-americanos do presidente Hugo Chávez, o que reforça os temores colombianos e norte-americanos de que os rebeldes usem a Venezuela como refúgio.

A repercussão do caso foi intensa também no Equador, país visitado várias vezes por Granda, que lá mantém negócios e propriedades. Um ex-assessor do presidente Lucio Gutiérrez disse ter encontrado com o líder rebelde como parte das negociações para limitar a atividade das Farc em território equatoriano.

Fontes colombianas de segurança disseram estar cientes das atividades de Granda no Equador e informaram que, na verdade, tentaram sequestrá-lo em Quito em agosto, outra vez com ajuda dos EUA. Essa operação foi frustrada depois que as autoridades equatorianas descobriram os planos dos colombianos.

A embaixada norte-americana em Bogotá não quis comentar as circunstâncias da captura de Granda, mas informou que os EUA costumam compartilhar informações com a Colômbia. Washington já forneceu US$ 3 bilhões à Colômbia desde 2000, a maior parte em recursos militares. O objetivo é ajudar Bogotá a combater o narcotráfico e os rebeldes marxistas.

As informações são da agência Reuters.


 
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