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 | 21/01/2005 10h28min

Desastre natural em megacidades pode matar mais que tsunami

Especialistas da ONU realizam conferência para discutir o assunto

A devastação provocada em grandes cidades do mundo no caso de serem atingidas por desastres naturais poderia ser muito maior do que a resultante do tsunami de dezembro ocorrido na Ásia, que matou mais de 225 mil pessoas. A afirmação foi feita por especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) em uma conferência.

As megacidades são vulneráveis a vários tipos de catástrofe, entre as quais terremotos, tempestades tropicais e enchentes, e precisam ser preparadas para enfrentá-los.

– Estamos falando sobre situações extremas – afirmou Srikantha Herath, especialista da Universidade da ONU em Tóquio (Japão).

Herath participa da conferência realizada na cidade japonesa de Kobe a respeito da prevenção de catástrofes.

– Trata-se de uma questão sobre se podemos nos preparar a tempo. Algumas vezes o processo de urbanização avança tão rápido que não conseguimos intervir.

Outros especialistas mostraram-se mais pessimistas.

– As mega-cidades estão se transformando nas áreas mais vulneráveis do mundo – afirmou Salvano Briceno, chefe da agência da ONU encarregada de atuar no caso de desastres.

São consideradas mega-cidades as que possuem mais de 10 milhões de habitantes, com alta densidade populacional, geralmente em favelas formadas por migrantes vindos das zonas rurais em busca de trabalho.

– As pessoas criam um outro tipo de vulnerabilidade – afirmou Janos Bogardi, do Instituto para a Segurança Humana e do Meio Ambiente, da Alemanha. – Elas criam favelas em alguns dos lugares que oferecem os maiores riscos.

Segundo dados da ONU, as cinco maiores mega-cidades do mundo são a Grande Tóquio, com 35,3 milhões de habitantes, a Cidade do México, com 19 milhões de habitantes, a região de Nova York-Newwark (EUA), com 18,5 milhões, Bombaim (Índia), com 18,3 milhões, e São Paulo, com 18,3 milhões. As cidades se expandem, frequentemente, a velocidades tão grandes que as autoridades podem fazer pouco.

Ondas de imigrantes amontoam-se em casas já existentes ou montam barracos onde quer que possam, frequentemente em áreas de risco. Em Quito (capital do Equador), muitas casas foram construídas em terrenos sujeitos a deslizamentos de terra. Em Bombaim, na Índia, o risco é oferecido pelas tempestades tropicais. Em São Paulo, são as enchentes. Na Cidade do México, os terremotos.

E não apenas as mega-cidades dos países subdesenvolvidos estão sob risco. Algumas das áreas urbanas mais modernas do mundo também podem ser atingidas por terremotos e, mais raramente, por enchentes. Nova York, por exemplo, pode vir a sofrer um abalo sísmico, e toda a Costa Leste dos EUA está sob ameaça de tsunamis, dizem alguns cientistas.

As informações são da agência Reuters.

 
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