| 15/02/2005 16h19min
Ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva procuraram minimizar a derrota do PT e a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) à presidência da Câmara dos Deputados. Alguns titulares de ministérios se posicionaram sobre a questão nesta terça, dia 15.
– Cabe ao governo respeitar a decisão da Câmara dos Deputados. Nós sempre negociamos e essa atitude não mudará nem na Câmara nem no Senado – afirmou ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, em visita ao Senado.
O ministro da Educação, Tarso Genro se disse surpreso com a escolha de Severino Cavalcanti, mas, ressalvando que falava em seu nome, afirmou que o governo deve acatar a decisão da Câmara. Mesmo assim disse que o governo precisa fazer "uma leitura" do caso.
– Para mim foi una decisão surpreendente, agora o governo tem que fazer a leitura – afirmou Tarso, que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em visita à Guiana.
Severino venceu a eleição na madrugada desta terça em segundo turno por 300 votos contra 195 do petista Luiz Eduardo Greenhalgh.
Para Aldo Rebelo, apesar do resultado da eleição, a base aliada continua fiel ao governo.
– Claro que a base aliada existe, ela permitiu que o governo aprovasse suas matérias mais decisivas e creio que continuará fiel – avaliou, lembrando que Severino pertence ao PP, partido que compõe a base aliada.
O ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, reconheceu que o resultado da eleição não foi o que o governo queria, mas também destacou a vitória de um integrante de um partido aliado.
– Não foi um oposicionista quem ganhou – afirmou Eunício, lembrando que o PP faz parte da base aliada e, justamente por isso, não acredita que os trabalhos do governo serão prejudicados daqui para frente, como aprovação de reformas na Câmara.
Já a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), ex-líder do PT, tem outra opinião.
– O problema é que Severino não foi eleito por ser do PP e sim por uma articulação do 'baixo clero'', termo que determina parlamentares com pouca representatividade.
Ela admitiu que a eleição foi uma derrota para o PT e um fator desagregador para a Casa, porque quebrou a tradição de que a presidência é ocupada pela maior bancada, ou seja, o PT.
O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), deu outra versão ao afirmar que a Câmara dos Deputados vive uma crise de representação das bancadas e que é preciso buscar o diálogo com a presidência da Casa para não comprometer a agenda do Palácio do Planalto.
– O Senado já viveu processos sucessórios extremamente traumáticos no passado e nós aprendemos com isso. Espero que a Câmara também aprenda. Mas a Casa deve ser gerida com respeito às bancadas – afirmou Mercadante.
As informações são da agência Reuters.
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