| 09/03/2005 00h10min
O presidente libanês, Emile Lahoud, se reuniu nesta quarta, 9, com deputados do país e, incentivado por uma grande manifestação em apoio da Síria, deve nomear um novo primeiro-ministro pró-sírio. As tropas sírias continuaram durante a noite a se deslocar para o leste do Líbano, na primeira das duas etapas da retirada do país, segundo fontes de segurança.
Centenas de milhares de pessoas ocuparam o centro de Beirute nesta terça, agitando bandeiras do Líbano em uma manifestação a favor da Síria convocada pelo grupo militante Hizbollah. Essa passeata superou as manifestações anteriores que exigiam a retirada síria.
Foi a primeira grande demonstração de apoio à Síria em Beirute desde 14 de fevereiro, quando um atentado matou o ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, o que desencadeou protestos diários contra Damasco, envolvendo principalmente os cristãos maronitas.
As manifestações rivais, ambas usando a bandeira com o cedro libanês como expressão de patriotismo, revelam profundas divisões no país a respeito do papel da Síria e do futuro do Hizbollah, a última milícia armada do Líbano.
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, voltou a exigir a retirada total das tropas sírias do Líbano, inclusive dos agentes de inteligência, antes das eleições gerais libanesas, marcadas para maio. O embaixador sírio em Washington, Imad Moustapha, disse à CNN que isso deve de fato ocorrer.
Mas Lahoud conta com maioria parlamentar, e as negociações de quarta-feira devem servir para manter a Síria com o controle político do Líbano, ao menos por enquanto, o que pode irritar ainda mais os setores anti-sírios da população. Pela Constituição, Lahoud precisa negociar com todos os grupos parlamentares e nomear o político mais citado por eles para o cargo de primeiro-ministro. Fontes políticas dizem que o favorito é Omar Karami, que renunciou à chefia de governo na semana passada, por causa das manifestações, mas continuou no cargo interinamente. Autoridades disseram que as consultas de Lahoud devem durar um dia e que o resultado será anunciado em seguida.
A oposição anti-síria propõe a criação de um governo composto por pessoas que não estejam disputando as eleições de maio, por temor de que um governo favorável Síria possa manipular os resultados.
Mas, depois que a Síria anunciou a retirada militar, no sábado, sob intensa pressão internacional e do Líbano, fontes políticas esperam que Lahoud nomeie um aliado de sua confiança. Deputados da oposição disseram que pretendiam se reunir com Lahoud, mas que, em vez de indicar um premiê, iriam entregar a ele uma lista de reivindicações. Eles querem a demissão dos chefes dos serviços libaneses de segurança que sejam ligados à Síria, a completa retirada militar e uma investigação internacional sobre a morte de Hariri, pela qual eles acusam Damasco – que nega envolvimento.
Na manifestação de terça, o xeque Hassan Nasrallah, líder do Hizbollah, pediu oposição libanesa que participe de um governo de união nacional e rejeitou a exigência da ONU para que as tropas sírias se retirem e para que o próprio Hizbollah se desarme.
As informações são da agência Reuters.
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.