Entidades que reúnem pecuaristas de todo o país devem formalizar a denúncia de cartel contra frigoríficos na semana que vem. A Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados também vai fazer parte da ação. O processo vai ser analisado pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça.

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o preço pago pelo boi gordo subiu bem menos do que os valores de venda da carne bovina. Nos últimos dois anos, enquanto o preço médio das exportações de carne subiu mais de 8%, o valor do boi pago aos pecuaristas aumentou apenas 4%. Além da CNA e diversas entidades do setor rural, a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados também vai assinar o processo que deve ser encaminhada na terça ou quarta-feira da próxima semana.

Para pressionar os frigoríficos a elevarem o preço do boi a CNA conclamou os produtores a boicotar o abate. Quando o descarte é necessário os pecuaristas estão optando pelas fêmeas, o que pode comprometer a expansão do rebanho. A taxa de abate de matrizes, que costuma ser da ordem de 20%, saltou para 50%. O governo estuda a possibilidade de oferecer empréstimo para a retenção de fêmeas.

Os pecuaristas também reclamam do aumento nos custos de produção. Mesmo com a queda do dólar o preço dos insumos importados subiu. Só em janeiro a suplementação mineral subiu 1,35%. Para tentar resolver esse impasse a Comissão de Agricultura da Câmara pretende intermediar um encontro entre a CNA e as indústrias de insumo.