| 30/03/2005 00h31min
O ex-presidente da ISL do Brasil Wesley Cardia finalmente falou sobre o caso dos cheques que tem trepidado o ambiente do Grêmio nas últimas semanas. Na tarde desta terça, dia 29, na sala Metropolitan do Hotel Partenon, no Moinhos de Vento, Cardia se reuniu para o que definiu ser uma "conversa de esclarecimento" com jornalistas que representam as quatro redes de comunicação do Estado.
Durante uma hora, Cardia apresentou slides de documentos e respondeu às perguntas. Não permitiu, porém, fotos ou gravações. Alegou que existe uma cláusula de sigilo em seu contrato com a empresa suíça proibindo-o de falar sobre os negócios da ISL mesmo depois de seu desligamento. Exibiu, por slide, o contrato com a cláusula assinalada.
Mas os documentos mais importantes apresentados em slides foram referentes aos cheques ora investigados. Os seguintes: em 27 de abril de 2000, o então vice-presidente de finanças gremista, Martinho Faria, pediu à ISL US$ 565 mil para o pagamento de multas pelo atraso nos valores devidos aos três clubes que haviam vendido ao Grêmio os jogadores Amato, Astrada e Paulo Nunes. Em 10 de maio, a ISL respondeu que aceitava pagar apenas 50% desse total e pediu que o Grêmio detalhasse a forma como essa importância deveria ser paga. Em 11 de maio, o presidente do Grêmio na época, José Alberto Guerreiro, concordou com os 50% e detalhou quanto deveria ser debitado em cada conta. Cardia também apresentou recibos dos pagamentos assinados por Guerreiro.
Cardia ressaltou que a ISL apenas pagava o que o Grêmio pedia, sem questionar:
– É como se a mulher pedisse ao marido dinheiro para pagar a faculdade dos filhos - comparou. – O marido não a questionaria. Pagaria e pronto. Era uma relação de boa-fé entre as empresas.
Cardia também admitiu que o Grêmio poderia ter repassado os cheques diretamente à empresa que cobrava as multas (no caso, a Bahía Internacional), sem que os valores entrassem na contabilidade do
clube.
– Se o Grêmio queria endossar os cheques e passar adiante, era problema do Grêmio – observou.
Finalmente, Cardia garantiu não se lembrar quem do Grêmio recebeu os cheques. Explicou que, nos 457 dias de sua atuação na ISL, US$ 200 milhões passaram pela empresa no Brasil, numa média de R$ 1,271 milhão por dia. E que os pagamentos ao Grêmio eram feitos de três formas: débito em conta, correio especial ou ao portador.
– Portanto, não tenho como lembrar quem recebeu esse valor ou como foi pago ao clube – assegurou.
Wesley Cardia disse que não vai mais se manifestar sobre o assunto.
As informações são de Zero Hora.
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