| 14/04/2005 22h29min
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e seu antecessor, José Sarney (PMDB-AP), pretendem expor ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nos próximos dias, um quadro de insatisfação do PMDB na convivência política com o PT.
Lula volta de sua viagem à Europa e à África em meio a uma complicada fase de rearticulação política com a base de apoio no Congresso. Renan e Sarney decidiram procurar o presidente da República para relatar especificamente os problemas do principal partido aliado no Congresso.
Por não ter rearticulado sua base política após as eleições das novas Mesas da Câmara e do Senado, o governo vem enfrentando dificuldades e revezes no Congresso. Matérias de seu interesse têm sido postergadas ou simplesmente reprovadas. Ao mesmo tempo, consolida-se um movimento suprapartidário para restringir as iniciativas legislativas do Executivo e sua capacidade de manobrar a execução do Orçamento da União.
O acúmulo de medidas provisórias editadas pelo Executivo tranca a pauta de votações, somando-se à insatisfação dos governistas com não-cumprimento de acordos para nomeações de aliados. O governo decidiu mudar o modelo de articulação política após a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) presidência da Câmara. O cenário de sucessão mostrou que o Congresso quer mais independência e motivou uma mudança no relacionamento político.
No time das insatisfações, o PMDB desponta como principal dor de cabeça para o governo. Na quarta-feira, Renan Calheiros criticou a edição de MPs sem critérios relevantes e prometeu rejeitar com a ajuda do plenário todas aquelas propostas desnecessariamente. A atitude do senador foi vista como um sinal ruim ao Palácio do Planalto. O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), foi na mesma linha. Um dos seus motes de campanha foi a não-subordinação a todas as vontades do governo.
Mas mesmo tendo problemas com o PMDB, há sinais de que o governo está conseguindo, pelo menos em parte, recompor sua relação com alguns grupos aliados. Caso do PP de Severino Cavalcanti, que nesta quinta-feira decidiu substituir por um nome do PT o relator da polêmica medida provisória que altera as regras para concessão de auxílio-doença. Antes do PFL, a relatoria da MP implicaria a derrota para o governo.
Para peemedebistas, há muitos problemas localizados na bancada que exercem influência sobre a relação com o Planalto. Uma das tensões manifestadas por membros do partido é a dificuldade do PT de repartir o bolo de nomeações para cargos do primeiro e segundo escalões. Esse problema ficou mais evidente nesta semana, quando o PMDB ajudou senadores da oposição a derrotar o nome de José Fantine, indicado pela ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef, para assumir a presidência da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
A reclamação é de que a ministra não atende à demanda do partido por cargos, negociados com o Palácio do Planalto. Ela havia prometido uma vaga na Eletronorte para a sigla, mas acabou nomeando Adhemar Palocci, irmão do ministro da Fazenda, ao posto. O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, tentou minimizara a crise na articulação política do governo junto ao Congresso Nacional, chamando de isolado o episódio da ANP.
Além de limites para medidas provisórias e das nomeações para cargos, o PMDB também cobra outras contas. Por trás dos atritos dos últimos dias estão ainda as denúncias envolvendo o ministro da Previdência, Romero Jucá, indicado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros. O partido faz queixas freqüentes à falta de empenho do governo em defender o ministro. Para governistas, há uma nítida falta de sintonia entre as legendas, podendo comprometer a estabilidade política no Senado caso não seja controlada. No Senado, o PMDB é crucial para governabilidade, já que é a maior bancada da Casa (23 dos 81 parlamentares).
As informações são da agência Reuters.
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.