| 21/04/2005 21h
Adiar as eleições presidenciais do Haiti, previstas para este ano, pode provocar mais instabilidade, disse na quinta, 21, o enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) ao país caribenho.
Uma recente onda de violência no país mais pobre das Américas despertou novas dúvidas sobre a possibilidade de que a eleição, que vai escolher um substituto definitivo para o presidente Jean-Bertrand Aristide, que fugiu de uma revolta armada em 2004, ocorra de fato em novembro.
Mas Juan Gabriel Valdez, que comanda a missão da ONU para estabilizar o Haiti, disse que o adiamento seria o pior cenário possível.
– Estas eleições são cruciais para o futuro do Haiti, seu adiamento pode provocar mais insegurança e desestabilização, afirmou ele.
Mais de um ano depois da fuga de Aristide, o país ainda vive uma grave crise. Pelo menos 670 pessoas foram mortas desde setembro de 2004. Uma força de paz da ONU com 7,4 mil soldados e policiais, liderada pelo Brasil, tenta ajudar o governo interino a estabilizar o país.
A eleição presidencial está marcada para 13 de novembro, com um possível segundo turno em 18 de dezembro. Também serão eleitos milhares de vereadores e prefeitos em outubro e novembro. Mas muitos haitianos acreditam que, antes disso, seria necessário desarmar os grupos ilegais que podem atrapalhar a votação.
– O desarmamento é um processo que provavelmente vai levar anos, não pode ser um pré-requisito para que o Haiti realize eleições – disse Valdez, acrescentando, porém, que a ONU vai melhorar os esforços para retirar as armas das mãos dos grupos ilegais.
A missão da ONU no Haiti pediu à comunidade internacional uma verba de US$ 20 milhões para desarmar, desmobilizar e reabilitar ex-militares revoltosos. Alguns dos rebeldes que ajudaram a derrubar Aristide são membros do extinto Exército local e ainda detêm o poder em várias partes do país. Valdez também expressou insatisfação com o ritmo do diálogo entre as forças políticas do país, o que abriria caminho para eleições pacíficas e justas.
– Esse diálogo é crucial para reforçar a confiança no processo que deve levar a eleições que incluam todos – declarou.
As informações são da agência Reuters.
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