| 26/10/2001 19h36min
Os diálogos do CD entregue nesta sexta-feira à CPI da Segurança Pública da Assembléia Legislativa foram degravados. O chefe de Polícia confirmou que a voz da gravação é a sua e disse que o interlocutor seria o presidente do Clube de Seguros e Cidadania, Diógenes de Oliveira. Confira a íntegra das conversas:
Diógenes de Oliveira: E aí, Tubino, e aí, meu caro, como vai? (inaudível) agora dei para fumar cachimbo.
Luiz Fernando Tubino: (inaudível) que cachorro tu tens aí?
Diógenes: Tem meu cachorro vira-lata.
Tubino: Ah, é vira-lata? O teu guri taí?
Diógenes: Não. Botei na casa de uns amigos meus prá brincar. Senta aí!
Tubino: E aí, tchê? Tudo tranqüilo?
Diógenes: Tenho dois guris, uma mulher européia (inaudível) Lisboa e o outro foi numa casa ali da vizinha para brincar, senão
tu não agüenta.
Tubino: Que idade têm eles?
Diógenes: Eu tenho um guri de 13 e outro de oito.
Tubino: Eu tenho
um de 10 e um de 16. Muito esperto.
Diógenes: Que idade tu tens?
Tubino: 47, 48, eu fiz em janeiro agora.
Diógenes: (inaudível)
Tubino: Tu foste brigadiano?
Diógenes: Não. Até acho que falei demais da Brigada. Mas eu quero te contar a minha história só para tu entender, poisvou entrar num assunto sério. Como é que tu tá de tempo?
Tubino: Eu tô com um pessoal me esperando no carro, ali. Eu tenho uma pessoa, tem duas pessoas me esperando, mas tenho tempo, não há problema.
Diógenes: Vamos conversar uns 20 minutos, uma meia-hora.
Tubino e Diógenes prosseguem mais alguns segundos (inaudível)
Diógenes: Vamos tomar uma cervejinha?
Tubino: Não, não quero.
Diógenes: No ano retrasado
(inaudível)... brigadianos. O Ludwig (inaudível) fomos para Cuba.
Tubino: É, eles fizeram um curso, ciclo completo de polícia, o coronel Castro, o Ludwig, o Martin.
Diógenes: Martin não
tava. Quem foi para Cuba conosco foi o Ludwig, o Mafalda (inaudível). Esta gente aí. Eram 30 e tal brigadianos. Por isso que eu me tornei conhecido desta gente. Mas agora eu constatei" eu me dou bem com o Ludwig " constatei que os malandros pegaram e botaram o Ludwig lá no QG e os outros se encastelaram todos ali na Casa Militar, por causa da tal da FG.
Tubino: Claro. Tu sabe como é que tá a Casa Militar? Vinte brigadianos no gabinete do vice-governador!
Diógenes: O Rossetto?
Tubino: É. E na Casa Militar tinha 100, 107 ou cento e..., não, 97. Hoje tem 70. Então 97 CCs, aquelas vantagens deles lá, ficou 90 na Casa Militar, 20 no gabinete do vice-governador e as outras foram para a Secretaria da Segurança Pública.
Diógenes: Eu quero te explicar o seguinte: Não tenho nada que ver com a Brigada.
Tubino: Não, eu sei disso.
Diógenes: Na
campanha do Olívio, eu coordenei as relaçõesempresariais.
Tubino: Fizesse o controle do caixa
deles.
Diógenes: Não, o tesoureiro era David Stival. Eu ajudei na campanha, vamos aqui falar entre nós (inaudível).
Tubino: Campanha se gasta muito dinheiro.
Diógenes: A nossa deve ter custado aí R$ 5,6 milhões. E eu sou o presidente do Clube de Seguros, comprei aquela sede do partido e coordenei esta parte, assim, do atacado, entende, da campanha. E agora o Olívio pediu para aproximar as relações deles na área (inaudível). Eu queria conversar contigo duas coisas. Primeiro, vamos entrar direto no assunto
Tubino: Eu até estranho, que eu não sei, o Diógenes teve lá com o Dirceu pra falar da arrecadação, depois ele disse que ia falar comigo, eu digo, até hoje não tive nenhum assunto com ele que não fosse no Palácio da Polícia. Em todo caso...
Diógenes: Em todo caso, eu falei com o Olívio e disse que ia falar contigo. Perguntei pro Olívio: tu não acha que seria melhor
tu telefonar pro Tubino e dizer que eu vou falar com ele ou posso falar direto? Não, fala
direto. Isto foi..., eu almocei com ele domingo, depois segunda-feira de manhã ele me ligou. Porque eu tô articulando uma maneira de (inaudível) sair desta enrascada e preciso de um retorno. Ah, não! Isto é uma coisa muito séria.
Tubino: A situação é crítica, né, tchê?
Diógenes: Ah é, olha é bom tu falar com o Tubino, ele é um amigo meu, uma pessoa muito boa, mas não é muito afeito a essas coisas do PT. Que que eu quero? Duas coisas que quero falar contigo: uma vou direto e a outra é uma análise mais geral das questões da segurança pública e dos agentes intervenientes neste processo. Tenho conversado muito com ele desta e outras tantas questões. E esta coisa do PT - seja franco comigo, hein! - nós temos que jogar aberto, depois quero dar um toque pro Olívio. Sabe que ao longo desta campanha do Olívio e da outra do Tarso e das outras, nós sempre tivemos uma relação muito boa, muito estreita, com esse pessoal do Carnaval e do Jogo do
Bicho.
Tubino: Sim.
Diógenes:
É uma coisa histórica. É um assunto delicado, tu conheces melhor do que eu, não quero perder tempo nisso. Eu queria ter a tua opinião porque nós achamos (inaudível) na campanha do Olívio que tu separando o que é o crime organizado e a questão do JB, o que é que tu achas, dá a tua visão disso aí.
Tubino: Tchê, eu vejo o seguinte, a minha visão.
Diógenes: Mas bem franco!
Tubino: Não, bem franco, bem franco. Desde que eu entrei na polícia sempre se comenta relações do Jogo do Bicho com a polícia. Comigo nunca tive relações. Quando ninguém, eu tenho, eles fazem o Jogo do Bicho, mas a primeira relação que eu tive, a primeira pessoa que me visitou um dia, na delegacia de polícia foi o... eu entrei delegado de Polícia, no primeiro dia, na primeira visita, e eu não era policial antes, foi a de um bicheiro. Ele era vereador do PMDB em Serafina Corrêa e ele veio lá e disse: Olha, delegado, eu vim aqui saber qual é o esquema. Se
houver comprometimento de uma com a outra eu tô te
ferrando, e assim eu levei.
Diógenes: Veja, olha aqui, ó: eu não quero entrar no mérito de toda esta questão do Vale dos Sinos e aquele cara lá do(inaudível) bicheiro. A nossa relação com esse pessoal é aqui em Porto Alegre. Por quê? Porque na prefeitura, na Secretaria Municipal de Cultura, no Carnaval, na campanha, sempre tinha uma relação bastante boa. O Olívio conhece os caras, eu conheço, o Pilla Vares conhece, todo mundo conhece. Bom, eu não vou dizer nomes, não é o caso. Então, eu queria te falar especificamente sobre este aspecto, porque, senão, aquilo que eu tô brigando com o Augustin, qualquer dia eu vou detonar, o Arno Augustin da Fazenda. O Olívio entra num bar prá tomar um trago ou prá comer um pedaço de peixe frito ou vai num restaurante para almoçar e o cara pega, olha aqui, Governador, tô com um problema aqui de ICMS. Eu disse pro Arno: , tu tem que aparar essas coisas. Tu não pode deixar o Governador ser importunado porque um cara lá que quer reparcelar o ICMS e
tal. E mais uma
vez ele ficou de marcar " e eu até te agradeço por ter vindo aqui falar comigo e eu vou dar retorno disso pro Olívio imediatamente. Eu vou agora na presença do Arno. O Luiz Fernando Tubino veio prontamente, atendeu um convite meu para a gente conversar. E aí vão dizer, não, mas este pessoal... mas na primeira oportunidade que eles encontram o Olívio - encontram domingo ali na Casa de Cultura,... ô Governador, como é que é, sei lá, não sei o que e tal e a nossa situação? Eu acho que o Governador Olívio não tem que ser importunado com isso. Existem problemas muito mais graves para resolver. São problemas da própria governabilidade do Estado e da estabilidade.
Tubino: Antes tu falaste no Arno Augustin, eu me lembrei: Não sei, até podia ver isso aí, tem um empresário conhecido meu, quer compensar, ele tem um crédito de três milhões de ICMS e quer dar este crédito em pagamento de uma outra empresa.
Diógenes: Não, é uma coisa banal. O Arno tá me devendo.E
se ele amanhã não falar comigo, eu
vou detonar este cara. Qual o teu papel aqui? Eu quero que tu entendas isso: eu sou amigo do Olívio, conheço ele há muitos anos, ajudei a fazer a campanha e tô assessorando o Olívio, eu digo, na área das relações empresariais, mas eu amplio um pouco mais isso na área da sociedade.
Eu não vou nunca te perguntar o que tu tá fazendo na polícia porque é a tua área de competência. Não sou de me atravessar nas coisas nem de fazer (inaudível). Mas algumas coisas a gente tem que aparar para que o governador não fique empastelado no meio de pequenos problemas. Qual é a tua visão aqui, especificamente, sobre a situação do Jogo do Bicho, aqui em Porto Alegre.
Tubino: Por que é que não é liberado isso? Porque não há uma liberação formal, porque não há..., eu não tenho nada, eu prá mim não me constrange nada. O problema, eu não vejo cartelização, é..., eu não vejo outro envolvimento desse pessoal com outros crimes, a não ser sonegação fiscal, a não ser conformação e organização de
quadrilha, a de bando, a
não ser com a corrupção e a não ser com a improbidade, não, os crimes contra a ordem econômica e tributária, onde foram buscar, foram buscar na prova e a prova passa a ser produzida. Eu fiz recentemente umas máquinas eletrônicas, cuja matéria jornalística dá que é um cartel, que há uma máfia no Brasil, isso é lavagem de dinheiro. Que eles teriam US$ 2 milhões pra botar na mão de policiais e não sei o que mais, está na matéria. Mas, na realidade, se botaram, na mão do Pelé. Botaram na mão do Pelé, há uma legalização do jogo. Há uma legalização dessas máquinas eletrônicas, nos bingos. Tem um expediente que eu fiz, montamos, eu desenvolvi com uns delegados, uns grupos aí, mandamos para o Ministério Público. Aqui, no Ministério Público, entendeu que não há legalidade, então é assim, ó: fica as relações humanas, elas são complicadas, eu conheço estas questões. Desde que eu entrei na polícia, eu mantenho esta relação, eu sou policial, eles são bicheiros. Eu cago e ando pro que eles fazem. Agora, eu não tenho
repressão contra eles, eu convivi com todos, cidades como Veranópolis, como Caxias do Sul, é só perguntar minha história e ver o que é que eu tenho nesta história toda. Então, o que, chegar à Chefia de Polícia e ter conversas por aí, isto certamente tem, agora, eu não tenho nada que ver com isso.
Diógenes: (inaudível)
Tubino: O que eu estranho é que eu conversei com o Olívio e perguntei assim: primeiro, por que quando se colocou esta situação que ele me convidava para assumir a Chefia de Polícia, que quero saber o que tu queres com a Polícia, qual é a finalidade, qual é o objetivo. Conversei com o Bisol. Eles que estabelecem a política de segurança e eu executo. Eu não sei qual é o interesse dele, qual é a, vamos dizer assim, o objetivo. É para reprimir, não é pra reprimir? Eu conheço a história, meu pai foi político, lá no tempo do Menegetti, do Dutra, meu pai hoje tem 86 anos, um homem velho, se aposentou como procurador do Estado, consultor
jurídico da Assembléia Legislativa, na
qual passou 38 ou 39 anos ali e ele tinha uma boa relação também com o Brizola, tinha uma boa relação com várias pessoas que passaram por aquela oportunidade pelo Governo do Estado e um dos governadores em uma vez, eterminado momento, usou de recursos do Jogo do Bicho pra campanha e quando ele sentou no Governo, a primeira coisa que mandou fazer foi reprimir. A polícia executa. O que o Governo, a política é do Governo. Agora, eu não, eu pra mim, isso... eu convivo com eles sem problema algum. Agora, se tiver que fazer coisa, se tiver que fazer alguma coisa, aí o senhor, que é o intermediário dos empresários, pode ir atrás deles e fazer. Agora, eu não posso fazer isso.
Diógenes: Não, não. Eu não tô te dizendo isso, absolutamente não. Eu só quero te deixar uma coisa bem clara. Não quero me imiscuir na tua esfera de competência. Das relações da polícia, das atividades precípuas da Polícia, aquilo que ela tem que faze, são orientações do secretário de Segurança, do governador e do
chefe de Polícia e
do comandante-geral da Brigada Militar. Sou muito amigo do Ludwig, sou muito amigo do Olívio, mas eu jamais vou me meter numa coisa dessas. O que eu estou te dizendo, conversando contigo por determinação do Olívio, falei com ele, disse que não só era bom como era necessário que eu falasse contigo, é te dizer para tu saber dessas relações que nós temos com esse pessoal, desde que eles não interfiram no crime organizado.
Tubino: Lógico.
Diógenes: E aí, tu é que tem que dizer onde é queinterfere ou não.
Tubino: Não, eu acho que tem um comprometimento deste segmento com outros segmentos criminosos. Acho que tem. Eu já nem faço referência à questão de tóxico, que eu acho que eles não misturam essas coisas do tóxico, como no Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro há um comprometimento maior na questão da, do tóxico, talvez com o Jogo do Bicho. Aqui, na realidade, se pegarem isso aí, e disso se serve várias instituições para se
locupletar disso aí. Se pagarem isso aí e forem fazer
realmente umas verificações, há outros crimes envolvidos. Isto não pode passar despercebido. Agora, eu só vou reprimir, eu só vou fazer uma repressão, até porque a Polícia hoje carece de efetivos para a repressão, numa ação organizada entre MInistério Público e Polícia Civil, para que se possa fazer e atacar isso aí com eficiência. Senão houver uma eficiente, um combate eficiente, só serve para complicar as coisas. Aí reprime uma banca, não sei o quê, ai diz, não... eles tão forçando pra morder. Aí se disser não, se não reprime mais, já acertaram o caixa. Então tu tem sempre o discurso de que ou tu tá pressionando para ganhar dinheiro ou tu já afrouxou porque já ganhou dinheiro.
Diógenes: Então, assim ó: O que eu queria ver contigo. Tem uma boataria sobre esta questão do bingo, aquele bingo ali da Rua da Praia que burla, eu nem entro no mérito da questão. Se eu vejo um bingo funcionando e aquelas máquinas ali e tal, com porta aberta, olha, alguém permitiu aquilo. Alguém
legalizou, alguém...não
sei.
Tubino: O bingo tem importação ilegal das máquinas. O bingo tem o estelionato no chip das máquinas, né. Tu altera o chip, tu modifica tudo. O bingo tem, fundamentalmente, a sonegação fiscal contra a Fazenda Estadual e isso agora passou para a União, pela Lei pelé. A Lei Pelé modificou e o Pelé, se alguém se locupletou disso tudo foi o Pelé, que ganhou dinheiro da Máfia porque permitiu que nas salas de jogos de bingo tivesse máquinas eletrônicas para divertimentos eletrônicos. Então isto tem um cartel, tem tudo que está por trás disso aí e que isso aí se o Governo mandar reprimir, nós vamos reprimir. Se não mandar, deixa assim. Se negociar o Governo com eles, o problema não é meu.
Diógenes: Mas eu acho que é assim, ó: o Governo do Estado, de repente se isso é uma lei federal, tem que ter uma postura sobre estes bingos. O problema é que são 10 ou 20 bingos abertos pelo Estado.
Tubino: Centenas de
bingos.
Diógenes: Centenas, tu tá dizendo! Não sei como é que
funciona, que amparo legal tem, se alguém fiscaliza ou se não fiscaliza ou se o Arno um dia vai lá e vê como os bingos estão.
Tubino: Tem que fiscalizar, quem fiscalizava esse assunto era a Fazenda Estadual, fiscalização dos bingos. mas parece que passou tudo à competência da União. E quando a Fazenda fiscalizava, tributava, pagavam, eles tinham uma receita em torno daí de R$ 500 mil para a Fazenda Estadual por mês, com uma sonegação de 90% e uma legalização muito pequena deste jogo. Então, imagina regulamentado! E depois parece que passou tudo para a esfera da União, perdendo então a Fazenda, esta arrecadação e o controle dos bingos. Eles tinham um setor ali de controle dos bingos. A Lei Pelé levou para a União estes recursos. Então isso também é uma questão política, é uma questão de governo, de verificar esta legislação, de verificar o interesse público porque isso é uma máquina de renda fantástica, é uma loucura que estes caras têm na mão. E hoje, certamente, pela
miserabilidade deste povo,
nem o Jogo do Bicho tem expressão alguma. Eu acho que hoje só esta máquina eletrônica passa a ter este faturamento um faturamento elevado e estes caras todos, eles mudam o foco, eles vão para um faturamento eletrônico, para o sistema eletrônico. Isto aí tem...
Diógenes: Eu não quero entrar nesta questão de bingos, se eles tão misturados ou não, eu não entendo disso. O que eu me refiro é esse pessoal da Associação essa, que tem aqui na Avenida Ipiranga, do Carnaval, do pessoal, eu vou ali num bar. Eu tenho uma agência de viagem ali na Cristóvão Colombo em frente a Brahma. Um bodegueiro ali, que eu tomo um martelinho, um rabo de galo, ele faz Jogo do Bicho. Às vezes eu vou ali e faço o Jogo do Bicho. E isso é uma praxe, uma cultura tão disseminada (inaudível). É deste assunto que eu queria te falar, porque este pessoal...
Tubino: Eu me criei fazendo com a minha avó, fazia todas as extrações do Jogo do Bicho ela fazia. Eu era guri, ia pela mão com ela e
fazia o Jogo do Bicho.
Diógenes: Então, falar deste assunto, eu deixo à tua ponderação, ver qual é a tua posição política. Nós achamos que não tem que reprimir esta gente! É contravenção! Se for na letra fria, põe estes caras na cadeia!
Tubino: Na realidade, a contravenção existente no jogo, ela é hoje descriminalizada. Tu pega eles pela sonegação fiscal, tu pega pelos crimes contra a ordem econômica e tributária, que vai dar na sonegação. Tu pega eles em qualquer outra organização.
Diógenes: Mas como eles não podem pagar imposto, é que nem um táxi-lotação. Aqui em Porto Alegre eu fui secretário de Transportes quatro anos do Olívio.Se tu pegar o táxi-lotação tem 400 táxi-lotação rodando na cidade. Nenhum tem roleta. Nenhum paga imposto. Ou seja, nenhum paga imposto. Tudo caixa dois. É a vida. Tu não tem como pegar esses caras. Se tu for botar roleta, como é que tu vai botar roleta em táxi-lotação? Não bota. Como sabe quantos passageiros ele transporta? Não sabe.
Como é que tu vai cobrar imposto? Então
não cobra nada. É uma caixaria desgraçada. O bicho é isso, esta coisa antiga. Eu fui muito amigo do falecido Glênio Peres. (inaudível). Eu tive no exílio, o Glênio lutou pela anistia. Eu hoje tô no Brasil, eu reconheço, um dos que lutou para que eu tivesse aqui foi o Glênio Peres.
Tubino: Eu me lembro do Glênio.
Diógenes: Era um bicheiro. O irmão dele tocava o Jogo do Bicho.
Tubino: Ah, isso eu não sei.
Diógenes: Ah, mas eu sei.
Tubino: Eu sabia que o Glênio era daquele (inaudível)
Diógenes: (inaudível) bêbado. Mas era uma grande figura.
Tubino: Ele era o macho daquele, do cara que era do Touring. O Goidanich.
Diógenes: Humm! Dito isto, meu companheiro Tubino, eu queria passar para um outro assunto contigo. Eu acho que eu conversei, eu não quero conversar essas coisas
(inaudível). Eu acho que ele não merece. O Olívio é um grande político. Ele é um cara qu ec está projetado para ser uma figura nacional, como um rescaldo
destas coisas todas e nós tamos montando uma saída, prá ele não se embretar e ter governabilidade. O Itamar amanhã resolve(inaudível) botar o Estado num brete e decretar uma moratória (inaudível). O Olívio não vai fazer isso. Nós estamos construindo uma alternativa para que ele saia bem e se projete como uma liderança nacional. A outra questão que eu conversei com o Olívio é a questão da governabilidade (inaudível). É interesse dele se fortalecer na Polícia. E não ficar nestas crises, tira a bota. Tu viu o que aconteceu hoje com o presidente do Banco Central?
Tubino: Se fortalecer na política?
Diógenes: Não, na polícia! O Chefe de Polícia é permanente no Governo do Olívio. Sem crise, sem tumulto, sem burburinho. Ele tem muita noção (inaudível). A Secretaria da Segurança, não vou te falar o que é. É um bando de gente que não entende nada do riscado.
Tubino: Vão fazer um laboratório naquilo lá e vai ser uma pena. O Olívio
vai pagar caro por esse...
Diógenes: Mas,
Tubino, eu quero que tu tenhas consciência do seguinte: se tu tiveres uma noção exata deste experimentalismo, deste amadorismo daquela gente ali, da Isabel, do Lauro Magnano. Bisol, daquele outro cara lá, que botaram na Susepe. Aquilo ali é tudo um bando de aprendiz de feiticeiro. Nem são aprendizes de feiticeiro. São amadores. Tinham que ter chamado homens experientes da Polícia pra dar uma conversada. Ah, vocês não podem continuar esta guerra com a Brigada.
Tubino: Mas quem está estimulando a guerra, ô Diógenes, é o próprio Bisol e a própria Brigada. O Bisol tá repetindo o mesmo erro do Eichenberg.
Diógenes: Mas nós não podemos
continuar nisso, senão nós vamos botar o Olívio, que tu conhece, que é um homem público que quer governar, num brete, que tem que estar decidindo entre a sarjeta e a cloaca.
Tubino: Agora, isso eu disso pro Olívio, há seis anos atrás, numa reunião lá, que ou ele fazia tudo com a Brigada
no primeiro dia ou ele tava morto. E ele já está morto pela
Brigada. A Brigada é a instituição que vai solapando, vai corroendo.
Diógenes: Não, não.
Tubino: Não vai atrás disso.
Diógenes: Eu conheço o Olívio, conheço o PT, cara. Eu sou mais velho que tu, me permite esta liberdade. Eu não tô te tratando aqui como o Chefe de Polícia. O Olívio não homem de se deixar enganar por este ou aquele setor ou por ser levado no bico. Não vai acontecer. Tudo o que tá aí neste burburinho ele está perfeitamente ciente disso. Ele tá deixando, dando corda na linha, mas vai chegar o momento, ele vai botar isto nos eixos.
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