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 | 28/04/2005 21h25min

EUA descartam concessões em revisão de pacto nuclear

Os Estados Unidos descartaram nesta quinta, dia 28, a possibilidade de fazerem concessões para induzir outros países a aceitarem medidas para reforçar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NPT, na sigla em inglês), em vigor há 35 anos.

Antecipando-se às duras criticas a serem feitas em uma conferência de revisão do NPT em maio, o secretário-assistente de Estado Stephen Rademaker defendeu o histórico de desarmamento dos EUA como "excelente" e disse que Washington vai usar a conferência para chamar a atenção para as supostas violações nucleares do Irã e da Coréia do Norte.

– Esta noção de que os Estados Unidos precisa fazer concessões a fim de incentivar outros países a fazerem o que é necessário para preservar o regime de não-proliferação nuclear é na melhor das hipóteses uma forma desviada de pensar nos problemas que enfrentamos – disse ele à subcomissão de Relações Internacionais da Câmara dos Deputados.

Para Rademaker, esses argumentos são perigosos porque estabelecem uma racionalização para a desobediência iraniana ao tratado.

A conferência da ONU, entre 2 e 27 de maio, tem como objetivo avaliar como esse tratado fundamental, mas ameaçado, pode ser fortalecido. Funcionários do governo Bush e muitos especialistas se mostram pessimistas com a possibilidade de qualquer avanço.

Decisões em conferências como essa são adotadas por consenso. A presença do Irã na reunião deve estabelecer um confronto com os EUA e impedir um acordo. A Coréia do Norte, que se retirou do NPT e diz ter armas nucleares, não vai participar.

Washington acusa Teerã de manter há quase duas décadas um programa para desenvolver armas atômicas, em violação ao NPT. Os EUA tentam levar o caso ao Conselho de Segurança da ONU para possíveis sanções.

– Se a conferência do NPT terminar em discordância, se ele não conseguir produzir um documento de consenso, muitas nações verão isso como um sinal de que o regime (de não-proliferação) está desmoronando – disse Joseph Cirincione, do Fundo Carnegie para a Paz Internacional.

– Nações com ampla capacidade tecnológica para desenvolver armas nucleares podem estar reconsiderando suas decisões políticas de não o fazerem – afirmou ele   comissão em depoimento por escrito.

O NPT estabeleceu uma "barganha" pela qual 183 países renunciaram a armas nucleares. Em troca, as cinco potências declaradas da época – Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã-Bretanha – prometeram eliminar no futuro suas próprias armas e permitir que países não-nucleares tenham acesso a energia atômica pacífica.

Mas muitos consideram que os países que têm armas nucleares ficaram aquém de seus compromissos e, portanto, muitos países que não têm tais armas rejeitam novas restrições para suas atividades.

O governo dos EUA discorda veementemente dessa posição, dizendo que o país reduziu seu arsenal nuclear em mais de 13 mil armas desde 1988.

Cincirone afirmou que a conferência do NPT terá um papel crucial na crise iraniana. Ele previu que a delegação da República Islâmica terá como único objetivo isolar os EUA e promover a posição do Irã ao jogar pelas regras do NPT, enquanto Washington tenta mudar as regras e negar o acesso dos países em desenvolvimento à energia nuclear.

Ele alertou que, se a conferência terminar sem acordo e a culpa for dos EUA, será ainda mais difícil restringir as ambições nucleares iranianas.

Rademaker disse que, embora o governo não tenha planos para propor novas iniciativas de desarmamento, irá sugerir formas para que o NPT puna transgressores e tenha mais controle sobre tecnologias e matérias-primas nucleares.

As informações são da agência Reuters.


 
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