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 | 14/05/2005 19h12min

Fonteles se despede com processos contra autoridades

Procurador-geral deixa cargo em junho

Um mês e meio antes de deixar a chefia do Ministério Público Federal, o procurador-geral da República, Claudio Fonteles, está limpando sua mesa e provocando calafrios em integrantes do governo.

Depois de pedir a abertura de inquéritos contra o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, e o ministro da Previdência, Romero Jucá, Fonteles afirma que não há nada mais a temer. Mas a expectativa na Procuradoria é de que surpresas surjam até o final de seu mandato, marcado para 30 de junho. Indicado para o cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e especialista em direito penal, o procurador concentrou no final de sua gestão as ações contra autoridades.

Recentemente ele pediu no Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquéritos contra Meirelles (por suspeita de sonegação, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e crime eleitoral), Jucá (por supostas irregularidades na aplicação de um financiamento bancário) e o deputado federal do PMDB do Pará Jader Barbalho (por indícios de envolvimento com crime tributário). O deputado federal Luiz Antônio de Medeiros (PL-SP) foi denunciado por supostos crimes de prevaricação e cárcere privado.

Nem a Igreja Universal do Reino de Deus foi poupada da mira de do procurador-geral. Fonteles pediu a quebra do sigilo fiscal da instituição para investigar o suposto envolvimento com duas empresas sediadas em paraísos fiscais que teriam financiado a compra da TV Record do Rio de Janeiro e de outras emissoras.

O estilo de Fonteles contrasta com o de seu antecessor, Geraldo Brindeiro, procurador no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) que tinha o apelido de engavetador-geral da República. A começar pela permanência na chefia do Ministério Público Federal. Fonteles não quer ser reconduzido. Brindeiro foi reconduzido três vezes e ficou oito anos no cargo.

Diferentemente do atual procurador-geral, Brindeiro evitava entrar em polêmicas e por diversas vezes pediu o arquivamento de inquéritos contra autoridades. Um deles envolvia o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), suspeito de realizar escutas telefônicas irregulares. Brindeiro manifestou-se pelo arquivamento do inquérito. Fonteles assumiu o cargo e queria reabrir as investigações, mas o STF não autorizou.

As informações são do jornal Zero Hora.


 
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