| 18/05/2005 20h36min
O desmatamento na Amazônia chegou a 26.130 quilômetros quadrados entre agosto de 2003 e agosto de 2004, segunda maior taxa desde 1995, quando foi registrado o recorde de 29.050 quilômetros quadrados. Os dados foram anunciados nesta quarta, dia 18, pelo Ministério do Meio Ambiente, e foram obtidos a partir de análises feitas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
A área desmatada é pouco menor que a do Estado de Alagoas, e somada às áreas devastadas anteriormente representa 17,3% da cobertura florestal da Amazônia brasileira.
A elevação da taxa anual de desmatamento demonstra que o Grupo de Trabalho Interministerial coordenado pela Casa Civil e criado em julho de 2003 para reduzir os índices de desmatamento na Amazônia Legal não conseguiu, no primeiro ano de existência, cumprir seu principal objetivo. Apesar de medidas positivas como a criação de novas unidades de conservação como as viabilizadas pelo Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) e o aumento da fiscalização em algumas áreas, outras iniciativas levam ao descontrole e à degradação social e ambiental.
Conforme a ONG WWF-Brasil, o desenvolvimento sustentável ainda não foi adotado como política para a Amazônia pelo governo federal e por grande parte dos governos estaduais, apesar de constar de documentos,
projetos e discursos oficiais. A entidade afirma que enquanto poucos setores no governo federal seguem as diretrizes da sustentabilidade, a maioria promove ações que induzem a projetos de impacto negativo por meio de incentivos ao avanço da especulação imobiliária rumo a áreas florestais.
A WWF critica o argumento de que é necessário expandir a agricultura, e destaca que a grilagem, crimes, trabalho escravo e devastação ambiental estão entre as conseqüências dessas ações.
– O Ministério do Meio Ambiente tenta fazer sua parte ao criar áreas protegidas, um mecanismo comprovadamente eficaz, mas não suficiente, para frear o avanço do desmatamento, e ao propor e defender o projeto de lei de gestão de florestas públicas que está em discussão no Congresso Nacional. É preciso ainda convencer empresas e governos a dar uso social e econômico às florestas de modo efetivo – diz Denise Hamú, Secretária Geral do WWF-Brasil.
– Falta aos governos federal e estaduais empenho na aprovação do projeto de concessão de florestas públicas e na implementação do plano de combate ao desmatamento – enfatiza.
A destruição de florestas também tem impacto direto sobre a emissão de gás carbônico e as mudanças climáticas. O Brasil é responsável por 2,51% das emissões de gás carbônico, sem incluir o percentual de queimadas. Quando incluído, o número sobe para 5,38% (segundo dados de 2000 do World Resources Institute), o que eleva a posição do Brasil de oitavo para quinto país emissor. Só as queimadas geram 370 milhões de toneladas de carbono a cada ano.
A entidade alerta que se o ritmo atual de desmatamento for mantido, o Brasil poderá jamais se beneficiar do potencial da Amazônia, que desaparece num ritmo contínuo. Atualmente os produtos de base florestal constituem o segundo maior setor do agronegócio brasileiro.
Criado em 1996 e sediado em Brasília, o WWF atua em todo o país com a missão de contribuir para que a sociedade brasileira conserve a natureza, harmonizando a atividade humana com a proteção da biodiversidade e com o uso racional dos recursos naturais, para o benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações.
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