| 30/06/2005 23h34min
O deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) trouxe novas informações ao suposto esquema do mensalão, a mesada que seria paga a parlamentares do PL e do PP na Câmara Federal, ao dizer à CPI dos Correios que assessores de parlamentares retiravam o dinheiro para os parlamentares em uma agência do Banco Rural, no Brasília Shopping.
Diferentemente de outras declarações suas, de que o esquema de pagamentos a parlamentares da base aliada pelo PT teria sido interrompido depois de informar o fato ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no início do ano, Jefferson sugeriu nesta quinta-feira que as mesadas podem ter continuado.
– Os assessores parlamentares se dirigiam à agência do Banco Rural, no nono andar do Brasília Shopping, para sacar dinheiro – disse Jefferson.
– Eu recebi informação de que, depois da denúncia do mensalão, eles têm ido lá pegar R$ 30 mil, R$ 40 mil, R$ 60 mil. Não sei se no presente, mas até bem pouco tempo.
O Banco Rural é a instituição na qual o publicitário Marcos Valério de Souza, apontado como um dos operadores do suposto esquema de mesadas, realizou saques de cerca de R$ 21 milhões de reais em dinheiro, entre 2003 e 2005.
Os pagamentos via agência bancária teriam substituído as malas de dinheiro que Marcos Valério teria trazido a Brasília anteriormente. O deputado repetiu que a CPI deveria verificar também as movimentações do Banco do Brasil e suas denúncias de supostas irregularidades envolvendo os Correios e as empresas Skymaster e Novadata – essa última do empresário Mauro Dutra, amigo antigo do presidente Lula.
O depoimento de Roberto Jefferson à CPI começou por volta das 16h30min desta quinta. O presidente licenciado do PTB chamou a atenção logo ao aparecer no Senado com o olho esquerdo roxo e inchado. O ferimento, segundo assessoria do parlamentar, teria sido provocado por um acidente doméstico: Jefferson teria sido atingido por um armário ao tentar pegar uma caixa de CDs do gaúcho Lupicínio Rodrigues.
Jefferson comparou o tesoureiro petista, Delúbio Soares, e Marcos Valério a PC Farias. Ele voltou a atacar o PT e a expor suas idéias para moralizar o financiamento de campanhas eleitorais e reformar o sistema político.
– Se PC Farias fez, hoje Delúbio e Marcos Valério fazem e outros que virão continuarão a fazer, se nós não mudarmos essa prática de financiamento eleitoral – disse Jefferson.
O deputado disse que aceitaria uma acareação com Delúbio e o deputado José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil, que negam a existência do mensalão.
Ele citou dados sobre financiamentos de campanha efetivos e declarados à Justiça, reafirmando que é necessário mudar o sistema de arrecadação.
– Eleição de deputado custa R$ 1 milhão, R$ 1,5 milhão, mas a média da prestação de contas é de R$ 100 mil. Para senador, são R$ 2 milhões ou R$ 3 milhões, mas a prestação de contas é de R$ 250 mil, em média. Esse processo começa na mentira e deságua no PC, no Delúbio, no Marcos Valério.
PC Farias foi o arrecadador de campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992) e autor do esquema de corrupção que levou ao impeachment do presidente.
O petebista também voltou a apontar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) como responsável pela gravação do flagrante de Maurício Marinho, ao mesmo tempo em que criticou a Abin por ter sido "incapaz de dizer ao governo, à Casa Civil, ao presidente da República, ao chefe de Segurança Institucional que o senhor Marcos Valério é a versão moderna e macaqueada do PC Farias".
As informações são da agência Reuters.
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