| 07/07/2005 12h12min
A Europa foi novamente sacudida pelo medo. Este 7 de julho de 2005 entra para história como mais uma data marcada pelo horror: uma série de explosões sacudiu o metrô de Londres deixando vários mortos e aparentemente repetindo as circunstâncias do 11 de março de 2004 em Madri.
Os ingleses foram surpreendidos no começo da manhã. A primeira explosão foi registrada às 8h51min (5h51min em Brasília) na estação de Liverpool Street – no centro financeiro da cidade. Outras três detonações foram realizadas até às 9h47min nas estações de King's Cross e na de Aldgate East totalizando 33 mortos. Um ônibus ainda foi atingido na Tavistock Square deixando um número indefinido de vítimas.
A ação foi reivindicada pelo até então desconhecido "Grupo Secreto da Jihad da Al-Qaeda na Europa", segundo a agência italiana Ansa. Não é costume da rede de Osama bin Laden assumir, mas como em Madri as evidências podem se confirmar com o tempo.
Provavelmente "escolhida" por apoiar as missões militares no Iraque e no Afeganistão, a Inglaterra entra na lista de atingidos. O primeiro-ministro Tony Blair é um fiel aliado do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na luta contra o terrorismo. Blair, inclusive, admitiu que a capital inglesa foi atingida por "ataques terroristas" e deixou a Cúpula do G-8 (grupo dos sete países mais industrializados e a Rússia) na Escócia para acompanhar as investigações.
– Enviamos as nossas condolências às famílias das vítimas. Os terroristas não têm nenhum respeito pela vida humana e nós estamos unidos para combatê-lo. Não permitiremos que a violência mude os valores da nossa sociedade – declarou em comunicado conjunto.
Esta série de atentados tem outra peculiaridade: o momento. Hoje começa a Cúpula do G-8 e os ingleses ainda comemoravam a indicação de Londres para sediar os Jogos Olímpicos de 2012 – a confirmação da sede ocorreu ontem. Assim, pode-se pensar que o planejamento ocorria há algum
tempo.
A tragédia de Madri tem
características semelhantes. A Espanha estava a um dia das eleições quando 10 bombas atingiram quatro trens metropolitanos matando 192 pessoas e deixando mais de 1,5 mil feridas na Estação de Atocha e pelas plataformas de embarque e desembarque dos terminais de El Pozo e Santa Eugenia. Foi a primeira vez que a imagem dos ataques a Nova York, em 11 de setembro de 2001, voltava a assombrar o mundo.
Na época, o governo do primeiro-ministro José María Aznar acusou o ETA – o nome completo é Euskadi Ta Askatasuna, que significa Pátria Basca e Liberdade – de arquitetar e executar a carnificina. Mais tarde, surgiram indícios de que se poderia tratar de nova investida da Al-Qaeda. A falsa acusação custou caro a Aznar – ele ainda telefonou para embaixadores e até mesmo para jornalistas pedindo que ambos jogassem a culpa sobre o ETA.
A imagem pública do político despencou. Com 43% dos votos, Luis Rodríguez Zapatero, do Partido Socialista dos Trabalhadores, foi alçado ao cargo de primeiro-ministro. O resultado demonstrou uma clara punição ao apoio dado por Aznar ao presidente Bush na guerra contra o Iraque. A luta contra o terrorismo parece não acabar.
Com informações da agência EFE e AP.
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