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 | 07/07/2005 21h11min

Fernanda Karina nega extorsão e desmente Valério

Depoimento da ex-secretária começou com mais de cinco horas de atraso

O depoimento de Fernanda Karina Somaggio na CPI dos Correios começou com mais de cinco horas de atraso. A ex-secretária de Marcos Valério de Souza acusa o publicitário de ser o responsável pelo pagamento do suposto esquema de mesadas a deputados para votar a favor do governo. Ela desmentiu o ex-patrão ao dizer que a empresa SMP&B não pagava seus fornecedores em dinheiro vivo. Fernanda negou também que tenha tentado extorquir dinheiro de Valério. Disse ainda que todas as suas denúncias estão sendo confirmadas.

A secretária afirmou que nenhuma empresa em que trabalhou, incluindo a de Marcos Valério, costumava pagar fornecedores em dinheiro vivo, desmentindo uma declaração dada pelo ex-patrão no dia anterior. Valério contou que os saques de grandes quantias eram um procedimento rotineiro na empresa SMP&B, e que o dinheiro era usado para pagamento de fornecedores e cachês de artistas.

– Qualquer pessoa que trabalha em um departamento financeiro sabe que as empresas pagam seus fornecedores por boleto bancário ou transferência em conta. Todas as empresas em que eu trabalhei, algumas multinacionais sérias, pagavam altas quantias sempre de um desses modos. Quando era para pagar algum fornecedor, chegavam muitos cheques para ser assinados, junto com notas fiscais – declarou ela.

Ela negou que tenha tentado extorquir dinheiro o ex-patrão. Em seu depoimento à CPI na véspera, Valério afirmou que a ex-secretária lhe fez ameaças depois de ter deixado a agência de publicidade SMP&B.

– Não preciso do dinheiro dele. Ele disse que eu pedi, mas não pedi – disse Fernanda Karina.

Para ela, o publicitário entrou com ação contra ela na Justiça com o objeto de intimidá-la:

– Foi única e exclusivamente para eu ter medo. E fiquei com muito medo mesmo.

Ela também negou que tenha recebido oferta de dinheiro para dar entrevista para a revista Istoé, ao contrário do que havia afirmado Marcos Valério.

Fernanda Karina confirmou que continua petista. Em entrevistas à imprensa, ela havia declarado que vota no PT desde os 16 anos e que continua votando no partido.

– Não são todos os vereadores, deputados e dirigentes que são assim – disse, referindo-se aos filiados ao PT supostamente envolvidos no esquema do mensalão.

A ex-secretária começou seu depoimento lendo uma declaração na qual afirma que todas as informações e denúncias que revelou foram confirmadas. Ela citou, entre outros fatos, os encontros de Marcos Valério com políticos importantes nas datas de saques de altas quantias e o envolvimento dele com o ex-ministro-chefe da Casa Civil, hoje deputado José Dirceu (PT-SP), com o procurador da Fazenda Nacional Glênio Guedes, e com os deputados José Borba (PMDB-PR), José Mentor (PT-SP) e Anderson Adauto (PL-MG), além de funcionários do Banco Central. Também destacou as relações de Valério com o Banco Rural e a abertura de contas bancárias por meio de laranjas.

As informações são da Agência O Globo.

 
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