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 | 20/07/2005 07h00min

Indústria bélica gaúcha prevê mudanças com referendo

Em outubro, brasileiros opinarão sobre o comércio de armas de fogo

Preservar empregos na indústria bélica gaúcha não será o melhor argumento para quem planeja votar "Não" no referendo que definirá se o comércio de armas de fogo deve ser proibido no Brasil.

O resultado da votação, marcada para 23 de outubro, terá efeito reduzido sobre o emprego de 3,8 mil trabalhadores das quatro maiores empresas do setor no Rio Grande do Sul.

Ameaçados pela Lei do Desarmamento, fabricantes já voltaram seus olhos para o Exterior e pelo menos duas empresas pretendem continuar a investir em suas plantas de São Leopoldo e de Veranópolis.

Tanto a Rossi S.A. Metalúrgica e Munições quanto a E.R. Armantino, produtora das espingardas Boito, confirmaram ontem a Zero Hora que manterão raízes no Rio Grande do Sul independente do resultado do referendo. Outras duas empresas, a Forjas Taurus e a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), com unidades em Porto Alegre, São Leopoldo e Montenegro, não anteciparam suas estratégias caso a proibição do comércio seja a vontade da maioria.

Só a eventual proibição da fabricação de artefatos bélicos provocaria a mudança da plantas – o que não está em questão. Ainda assim, a E.R. Armantino teria um plano alternativo: construiria uma unidade fabril no Uruguai – um dos mercados para os quais vende 95% de sua produção, também destinada a países como Estados Unidos, Argentina, Canadá e Austrália.

Postura semelhante tem a Rossi. Paulo de Mattos, consultor jurídico, diz que a empresa não abre mão de suas raízes:

–  A tendência da Rossi é se manter no Estado. Afinal, 90% de nossa produção já está voltada ao mercado externo.

Procuradas por ZH, as diretorias da Taurus – a maior empresa do setor no Brasil – e da CBC não se manifestaram. Ambas exportam mais de 70% de suas produções e têm como grandes clientes no país órgãos de segurança pública, que continuarão a consumir.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Taurus justificou o silêncio alegando que qualquer manifestação sobre a manutenção dos empregos poderia ser vista como alarmismo. Já Antonio Marcos Moraes Barros, presidente da CBC, informou que os estudos da empresa ainda são incipientes.

Além dos investimentos já realizados no Brasil, pesa na contabilidade dos empresários o fato de a Lei do Desarmamento já ter incidido sobre o mercado, provocando a queda nas vendas de varejo. No primeiro semestre de 2005, a Rossi, vendeu no Brasil apenas 78 unidades de suas armas esportivas, conforme Mattos.

Parte da explicação está no alto valor do registro dos artefatos determinada pelo estatuto – em alguns casos mais elevado do que o próprio produto.

ANDREI NETTO/ZERO HORA

 
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