| 25/07/2005 03h57min
Dois dia depois da morte do brasileiro Jean Charles de Menezes - confundido com um suspeito de terrorismo e executado com cinco tiros à queima-roupa na cabeça pela polícia de Londres, na sexta-feira, na estação de metrô de Stockwell -, o governo e autoridades de área de segurança da Grã-Bretanha afirmaram ontem que o caso não vai alterar a orientação dada aos agentes. Ou seja, a ordem é atirar para matar caso os policiais acreditem estarem lidando com a ameaça de um ataque suicida.
Em pronunciamentos oficiais, os ministros das Relações Exteriores e do Interior britânicos, Jack Straw e Charles Clarke, lamentaram a morte do brasileiro - de Gonzaga, Minas Gerais - e pediram desculpas, mas defenderam atitudes veementes da força policial diante do clima de insegurança no país depois dos ataques de 7 de julho e da tentativa frustrada de novos atentados na quinta-feira.
Clarke chegou a fazer um elogio à força policial:
- A polícia está atuando sob as
mais impressionantes condições para
fazer julgamentos difíceis e nos proteger. Por isso, eu a parabenizo.
O governo brasileiro cobrou ontem explicações das autoridades da Grã-Bretanha durante uma reunião do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, com o vice-chanceler britânico, Lord Triesman. Amorim disse ter obtido do governo britânico garantias de realização de uma ampla investigação das circunstâncias da morte. O caso já está sendo examinado pelo Directorate of Professional Standards da corporação londrina (o equivalente a uma corregedoria) e pela Comissão Independente de Reclamações da polícia.
- O governo e a opinião pública brasileira estão chocados e perplexos com os eventos e, embora o Brasil seja solidário com a Grã-Bretanha na luta contra o terrorismo, é fundamental que não se venham a perder vidas inocentes nesse processo - disse Amorim.
O que a polícia precisa explicar são as circunstâncias do incidente. De acordo com as informações oficiais, Jean, 27 anos, foi
seguido por agentes à paisana
depois de deixar o prédio onde morava, no bairro de Brixton, em que um dos nove apartamentos estava sob vigilância dos investigadores dos atentados frustrados de semana passada. Mas as autoridades não esclareceram por que os agentes esperaram o brasileiro caminhar durante mais de 10 minutos, pegar um ônibus e só o abordaram nas proximidades da estação.
A abordagem também foi posta em dúvida. A polícia tem divulgado que Jean fugiu dos agentes e pulou as roletas do metrô na tentativa de escapar deles, resistindo também a uma ordem de prisão. No entanto, os parentes do eletricista mineiro que viviam com ele em Londres disseram ter sido procurados por algumas testemunhas, que revelaram que ele teria entrado tranqüilamente na estação antes de ser abordado. A investigação da morte do brasileiro - identificado apenas no sábado - pode levar semanas. E o corpo só será liberado após o final da investigação.
Ontem, a polícia britânica prendeu um terceiro homem que teria
conexão com os atentados
frustrados de quinta-feira. O suspeito, que não teve sua identidade divulgada, foi preso na área de Tulse Hill, no Sul de Londres. No fim da manhã, a estação de metrô de Highbury %26amp; Islington foi esvaziada. Segundo as autoridades, a polícia teria detectado um pacote suspeito na estação.
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