| 19/12/2001 17h17min
Chegar aos 40 anos em forma, roubando a bola de Edílson de carrinho, dentro da área, como fez contra o Flamengo (foto) no Brasileirão, nem é o mais espetacular. Que Mauro Geraldo Galvão, exatas quatro décadas completadas nesta quarta-feira, desafia o tempo e os princípios básicos da fisiologia, ninguém discute. O incrível mesmo é a certeza com que manifesta o jogador mais longevo do país: ele vai seguir em frente, podem acreditar. E sem previsão de parar.
São 23 anos de carreira profissional, duas Copas do Mundo e 16 títulos – todos quentes, nada daquela artimanha de contar torneios festivos para ampliar a lista de troféus. O Grêmio, cujo contrato termina em fevereiro, será o seu último clube? Galvão vai pendurar as chuteiras depois da Libertadores, certo? Errado.
– Se eu não renovar com o Grêmio, vamos ver. Gostaria de terminar a carreira no Olímpico, mas se não der, paciência. Temos que ser profissionais e examinar outras propostas – afirma Galvão, parecendo júnior recém promovido aos profissionais, com serenidade e confiança que convencem.
Então, Galvão chega aos 40 anos (seis meses mais novo do que o técnico Tite) pensando em ir aos 41, 42, 43, sabe-se lá até quando. A resistência muscular, com a idade, cai. É fato. O fôlego, idem. Mas aí entram algumas explicações para o fenômeno. Nem é o caso de falar em profissionalismo. Os médicos do Grêmio costumam brincar que, com alguns jogadores, se o tratamento incluir plantar bananeira antes de dormir, pode apostar que eles o farão sem reclamar. Mas há outros fatores. Um deles quem define é o técnico Tite:
– Inteligência. O Mauro alia técnica e inteligência como pouquíssimos. Corre a metade dos outros e está sempre onde a bola está. Sabe o atalho do atalho. Assim, cansa menos e preserva o fôlego. Em alguns casos, mais do que muito guri.
A outra virtude, decisiva, são as poucas lesões. Em 23 anos de carreira como profissional, nunca sofreu cirurgias no joelho, por exemplo. Fez três artroscopias, mas nenhuma operação. Foram raras as distensões e estiramentos. Júnior, do Flamengo, artilheiro do Brasileirão de 1992 aos 37 anos, nunca teve distensão na também longuíssima carreira.
– Chegar aos 40 anos desse jeito é uma decorrência da minha carreira. Tenho boa condição física e sempre me cuidei – explica Galvão, de férias com a família no Rio de Janeiro, cidade que aprendeu a admirar nos tempos de Bangu e Botafogo.
A Libertadores 2002 será a quinta do zagueiro. Uma pelo Inter (1980), duas pelo Vasco (1998 e 1999) e uma pelo Grêmio (1997). Ganhou uma vez, com o Vasco. Se for contar Copa Mercosul, a estatística sobe para sete competições internacionais. Então, o senhor América dá as dicas para a busca do tri:
– Libertadores é sempre parecida. Muito contato físico, jogo corrido e árbitros não marcando falta por qualquer coisinha. Reclamar de falta não adianta muito. Na maioria das vezes é só para ganhar um amarelo ou até expulsão. Tem que chegar de outro jeito no juiz.
Os 40 anos serão comemorados da forma discreta como se comporta em campo. Haverá um jantar com a família no Restaurante Rialto, cujo dono é gaúcho e gremista. Tudo muito reservado, já que não convém a um zagueiro sair por aí fazendo alarde. E muito menos a um senhor de 40 anos que, para alegria dos amantes do bom futebol, não pretende se aposentar tão cedo.
DIOGO OLIVIERGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.