| 02/08/2005 11h21min
Em reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Correios, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) pediu a palavra para explicar as denúncias de corrupção segundo as quais estaria ligado às doações de recursos das empresas de Marcos Valério, acusado de operar o mensalão. Ele afirmou que seu governo "não deu nem poderia ter dado garantia ao empréstimo" que teria sido concedido pelo Banco Rural em 2001 com o aval do empresário Marcos Valério.
O parlamentar mineiro antecipou-se a uma possível convocação da CPI e decidiu comparecer espontaneamente para explicar notícias que saíram a seu respeito na imprensa nos últimos dias. De acordo com as denúncias, houve empréstimo de R$ 200 mil avalizado por Marcos Valério para o tesoureiro da campanha de Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998, Cláudio Roberto Mourão da Silveira.
– Nunca, jamais, meu governo autorizaria qualquer empréstimo de agência. Aqui provo que a garantia real foi uma nota promissória que lista sócios de Marcos Valério e o próprio como 'garantidores'. Este empréstimo foi feito entre uma empresa e um banco. Não há assinaturas nem garantias que envolvam o governo nesta negociação – afirmou.
O senador disse ainda que as denúncias contra ele são "fruto de ações para desviar as atenções da CPI" para partidos da oposição e apresentou à comissão uma carta escrita por Cláudio Mourão em que o ex-coordenador de campanha esclarece que, "por sua própria iniciativa, tomou decisões estratégias" para a formação de alianças partidárias, decidiu levantar fundos para fortalecer a candidatura e as coligações. O documento, afirmou o senador, poderia explicar parte das suspeitas de que candidatos a deputado estadual aliados do então governador teriam recebido recursos da SMP&B, uma das empresas de Valério.
Segundo o senador, o coordenador reconhece na carta que solicitou à agência de publicidade o aporte de recursos para a campanha e assume total responsabilidade por seus atos, disse Azeredo.
- Entreguei à Justiça Eleitoral todos os documentos dos quais tinha conhecimento. Avalio que o calor da campanha e a ansiedade motivaram apoiadores ansiosos a realizarem despesas sem meu conhecimento. Portanto, desejo que as graves injustiças sacradas contra minha pessoa sirvam para ajustar estas acusações estapafúrdias - ressaltou.
Azeredo afirmou ainda que sua campanha prestou contas de mais de R$ 8 milhões em 1998 e reconheceu que foi uma das mais altas.
– Recebi todos os comprovantes de despesas de campanhas, sobre as quais tive controle e conhecimento, e encaminhei ao Tribunal Regional Eleitoral que aprovou o relatório. Os gastos estavam dentro do previsto, e não envolviam nem empréstimos nem gastos realizados por terceiros sem meus conhecimentos nem minha aprovação – observou.
Azeredo não é integrante da CPI, mas pode comparecer, como senador, às reuniões da comissão e pedir a palavra. Após seu depoimento, o presidente da CPI, senador
Delcidio Amaral (PT-MS), suspendeu a
reunião aberta da comissão, que hoje examina requerimentos de convocação de depoentes.
Com informações da Agência Senado e Agência O Globo.
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