Miguel Arraes de Alencar morreu neste sábado, dia 12, aos 88 anos. Ele foi vítima de complicações renais e estava internado desde 17 de junho no hospital Esperança, em Recife (PE). Internado em razão de uma suspeita de dengue, ele sofreu complicações cardiorespiratórias. Arraes era fumante há 72 anos.

O líder de esquerda e um dos principais nomes do PSB é natural de Araripe, no Ceará, mas fez sua história política em Pernambuco, terra que adotou ainda na adolescência. Ele governou o Estado durante três mandatos. Na primeira vez foi deposto pelo regime militar.

Com o golpe de 31 de março de 1964, Arraes, que tinha atuação forte junto a setores rurais de Pernambuco, foi preso. Ao longo de 1º de abril daquele ano, em Recife, o então governador estaria sendo convencido a renunciar, alternativa que descartou. Ele recebeu voz de prisão e perdeu os direitos políticos. Arraes ficou preso até 25 de maio de 1965, quando foi libertado por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal. Em seguida passou 14 anos exilado na Argélia. Arraes só voltaria ao Brasil com a Lei da Anistia, em 1979.

Advogado formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 1937, o esquerdista foi eleito pela primeira vez para um cargo público em 1950 como deputado estadual – função que exerceu em duas legislaturas consecutivas. De 1959 a 62, Arraes foi prefeito de Recife, e um ano depois chegaria ao Palácio do Campo das Princesas, a sede do governo pernambucano. Ele comandaria o Executivo estadual também de 1987 a 1990, eleito pelo PMDB, e de 1995 a 1998, já novamente filiado ao PSB.

Na atual legislatura Arraes ocupava uma cadeira na Câmara dos Deputados – ele já havia sido eleito outras duas vezes para o Congresso, em 1983, então pelo PMDB, e em 1991.

Arraes é um dos fundadores do PSB, logo no início da carreira política. Mas, com a ditadura, o partido foi extinto em 1965. A sigla só retornaria à ativa em 1986. Quatro anos mais tarde Arraes voltou à agremiação, que presidia desde 1993.

Aos 27 anos Arraes se casou com Célia de Souza Leão, que faleceu em 1961 deixando oito filhos pequenos. O  ex-governador casou com Magdalena Fiúza em novembro de 1962, com quem teve mais dois filhos. Os filhos de Arraes são Carlos Augusto, José Almino, Maurício, Luiz Cláudio, Marcos, Ana Lúcia, Carmem Silvia, Miguel (Guel) Arraes Filho, Pedro e Mariana.