Em entrevista à Rádio CBN neste sábado, o senador Cristovam Buarque (PT-DF) disse que anunciará oficialmente na segunda-feira, no plenário do Senado, sua saída do PT.

– Na segunda-feira vou fazer um discurso dizendo da minha posição de não continuar mais na sigla do PT para poder continuar no partido a que o PT pertence, o das forças progressistas.

Ex-ministro da Educação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador justificou que seu afastamento político da legenda já vem de algum tempo e que só não tomou a decisão antes por questão de afeto.

O senador disse que para desempenhar seu papel de "militante progressista de esquerda" com plenitude é preciso deixar o PT. E informou que pretende se unir a outros líderes de esquerda, não necessariamente numa mesma legenda:

– O trabalho nosso é unir os cacos das esquerdas brasileiras, com uma bandeira nova. A construção dessa nova bandeira da esquerda moderna do século 21 é uma tarefa para pessoas que estiverem nos mais diversos partidos. Mas o PT amarra, não permite que de dentro dele saia essa renovação. Acredito que a nova força vai ter muito dos atuais petistas, mas não vai partir das lideranças do PT.

O senador, que foi ministro da Educação no primeiro ano do governo Lula, contou que não conversa com o presidente desde quando foi informado de sua demissão do ministério. 

– Nunca tive uma conversa com o presidente desde os dois minutos que conversou comigo para pedir o meu cargo quando eu estava em Lisboa. Fora isso, eu apertei a mão dele em duas ou três solenidades. Conversar com o presidente eu acho que só conversei antes de ele ser presidente. Até como ministro nunca houve conversa mesmo. Houve despachos muito rápidos, curtos, eu nem sei se ele fazia de fato atenção ao assunto diante de tantas preocupações que ele tem. Além do que, acho que a grande preocupação dele sempre foi economia e relações externas.

Cristovam Buarque disse que tentou aproximação muitas vezes com Lula e pessoas ligadas a ele, exceto o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. 

– Com esse aí eu bati de frente desde o começo e nunca escondi que era algo negativo para o governo Lula ter o José Dirceu como chefe da Casa Civil.

Cristovam é a primeira liderança petista a deixar o partido desde que surgiram as primeiras denúncias de esquemas de caixa dois no PT e de corrupção.

As informações são da Agência O Globo.