| 18/08/2005 17h49min
O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, insistiu nesta quinta-feira que é o único responsável pelas graves irregularidades que podem ilegalizar o partido. Delúbio depõe à CPI do Mensalão para investigar as denúncias de corrupção contra o PT, mas não consegue convencer e até envergonhou seus companheiros de partido, que imploraram várias vezes para que ele dissesse "a verdade".
O ex-tesoureiro, que renunciou junto com a direção nacional, voltou a admitir que construiu um "caixa dois" com recursos obtidos irregularmente através do publicitário Marcos Valério Fernandes.
Esse dinheiro, segundo ele aproximadamente R$ 55 milhões, foi conseguido através de créditos avalizados com contratos do publicitário com empresas do Estado e nunca foi declarado nem às autoridades eleitorais nem à Receita.
De acordo com Delúbio, com esse dinheiro eram pagas dívidas de campanhas do PT e de outros partidos da coalizão de governo, que o receberam através das contas de Marcos Valério. Segundo o ex-tesoureiro, essas operações foram negociadas entre ele e Marcos Valério sem que nenhum outro membro do PT soubesse de onde vinha o dinheiro.
Numa tentativa de fazer Delúbio falar, o deputado Vladimir Costa (PMDB-PA) propôs uma sessão secreta e até uma redução de pena, mas o ex-tesoureiro permaneceu imutável.
Durante as oito primeiras horas de um depoimento que prometia chegar até a madrugada, nenhum legislador conseguiu que Delúbio Soares dissesse uma palavra além do que muitos consideraram um discurso destinado a proteger outros líderes do partido.
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