O ex-prefeito Paulo Maluf disse nesta quinta-feira, por meio de nota oficial, que o doleiro Vivaldo Alves tentou extorqui-lo, em julho, exigindo US$ 5 milhões para não revelar operações que fez para pessoas do PPB, PFL e PL na campanha eleitoral de 1998, quando Maluf foi candidato a governador de São Paulo.

Como Maluf não cedeu ao pedido, segundo informa na nota, o doleiro foi ao Ministério Público Federal, no último dia 5 de agosto, e disse que o filho de Maluf, Flavio Maluf, teria lhe pedido para encaminhar US$ 5 milhões para o publicitário Duda Mendonça em uma conta de Nova York.

Confira abaixo a nota de Maluf, assinada por seu assessor de imprensa Adilson Laranjeira.

O doleiro Vivaldo Alves, que é réu confesso, procurou no mês de julho os advogados de Maluf e exigiu US$ 5 milhões, alegando que teria feito pagamentos para campanhas do então PPB, do PFL e do PL, no período eleitoral de 1998, além de haver operado, no mesmo ano, para inúmeras pessoas físicas e jurídicas. No entanto, as investigações feitas não se dirigem contra essas outras pessoas, o que sinaliza uma curiosa "opção preferencial" por Maluf.

A tentativa de extorsão foi imediatamente repelida e comunicada, por escrito, à Justiça Federal.

Informado dessas petições à Justiça, o doleiro "Birigui" foi chamado a depor na Polícia federal, no dia 02 de agosto, acrescentando àquilo que tinha dito anteriormente, acusações ao senhor Duda Mendonça.

Causa estranheza, portanto, que autoridades, contrariando a lei, liberem à Imprensa o depoimento do conhecido doleiro criminoso, prestado à Polícia Federal, quando esse caso se encontra sob segredo de justiça. Quem comete mais crimes? O doleiro, vulgo "Birigüi", que confessou ter depósitos no exterior, não registrados, ou autoridades que o deixam impune se ele acusar pessoas notórias e inocentes?

Com razão, portanto, o colunista da Folha, que ontem escreveu nesse jornal que com delação premiada os mais comprometidos já negociam os respectivos prêmios, que serão proporcionais ao valor da delação. Mesmo que falsa, acrescentamos nós.A força das falsas acusações não deriva do seu conteúdo, mas na aposta de sua repercussão.

AGÊNCIA O GLOBO