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O novo chanceler argentino, Carlos Ruckauf, disse ontem, dia 3, que o Mercado Comum do Sul (Mercosul) tem “gravíssimos inconvenientes”. O peronista Ruckauf assumiu como ministro de Relações Exteriores de Eduardo Duhalde com o desafio de recompor a imagem argentina no Exterior. Entre os vários problemas que deverá enfrentar, o Mercosul e os vínculos com o Brasil são os que pedem mais urgência.
Em sua primeira entrevista coletiva como chanceler, Ruckauf preconizou “a poligamia” em matéria de política exterior, sem uma oposição à Área de Livre Comércio das Américas (Alca) impulsionada pelos Estados Unidos e uma maior aproximação com a União Européia (UE). Mas, mesmo tendo criticado o Mercosul, defendeu o fortalecimento do bloco.
– Por que não podemos ser polígamos em matéria de relações exteriores? – perguntou.
O governador da Província de Córdoba, José Manuel de la Sota, que se encontrou ontem com o presidente Fernando Henrique Cardoso como representante do novo governo para antecipar as medidas econômicas que serão anunciadas hoje, reforçou que o Mercosul continuará sendo a prioridade.
– A identidade da Argentina é o Mercosul, que será nossa prioridade na política externa – garantiu.
De la Sota afirmou ainda que a parceria com o Brasil é muito importante para que a Argentina possa sair da crise. Admitindo ter ficado mais otimista em relação aos problemas da Argentina após o encontro com o governador, FH afirmou que a paridade cambial entre o peso e o dólar não é mais viável.
– Me parece que a Lei de Conversibilidade não se sustenta mais – disse.
FH elogiou o esforço de coalizão do novo governo com setores da oposição. Ele conversou, por telefone, com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, sobre a crise argentina.
De la Sota disse que governo argentino levará ao Fundo Monetário Internacional (FMI) uma proposta de pagamento da dívida externa, sem citar prazos ou condições da fórmula que será elaborada pelo novo ministro da economia. A Argentina, afirmou, só conseguirá cumprir suas obrigações com uma redução nos juros e a mudança nos prazos de vencimento. Informou que o país irá garantir a paridade cambial apenas para os depósitos bancários feitos em dólar.
De la Sota afirmou que o governo permitirá que os correntistas possam realizar saques, desde que na mesma moeda em que foram feitos os depósitos. Ele disse também que o governo argentino estuda ainda a possibilidade de conversão das dívidas em dólar para pesos. A próxima reunião de líderes do Mercosul será realizada dia 11 de janeiro, em Buenos Aires. O encontro será comandado por Duhalde. Antes disso, porém, FH e os ministros das Relações Exteriores do Brasil, Celso Lafer, e da Argentina, Carlos Ruckauf, se encontrarão na próxima quarta-feira, dia 9.
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