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Depois de apenas um dia de normalização parcial dos mercados, a Argentina enfrenta esta semana a prova de fogo de seu novo sistema cambial. Os protestos populares que voltaram na madrugada de sexta-feira, dia 11, não se repetiram, mas foram suficientes para que o governo admitisse rever algumas medidas.
A principal mudança seria a adoção de normas mais flexíveis para os saques bancários, mas o secretário-geral da presidência, Aníbal Fernández, disse neste domingo, dia 13, que ainda "haverá muitas novidades" nesta semana. Até esta tarde, a expectativa era de que as alterações só seriam anunciadas na metade da semana. A intenção da equipe econômica comandada por Jorge Remes Lenicov é permitir operações que atenuem o efeito paralisante do congelamento dos depósitos a prazo fixo – uma das modalidades mais procuradas na Argentina.
Cerca de US$ 65 bilhões estariam presos nos bancos desde que uma corrida colocou em risco a estabilidade do sistema financeiro. O ministro também quer esperar para ver como vai se situar o câmbio flutuante, que na sexta-feira fechou entre 1,60 e 1,70 peso por dólar. O problema é que o freio da cotação foi justamente a falta de dinheiro em circulação. O temor é de que os recursos liberados sejam canalizados para a compra de divisas, gerando uma disparada no valor da moeda norte-americana.
A volta da população às ruas, batendo panelas, foi a principal causa da decisão de afrouxar as restrições na movimentação bancária – chamadas de "corralito" pelos argentinos. A intenção é evitar novos protestos, que poderiam comprometer de vez a já difícil sustentação política do governo.
– As manifestações populares não são vazias de conteúdo, é preciso levá-las em conta – reconheceu Fernández.
O secretário da presidência acrescentou que, se o governo não considerar o que pede a população nas ruas, "as pessoas vão nos tirar (do governo) a pontapés". Outro desafio para o governo nesta semana será a negociação do orçamento de 2002, ainda não votado no Congresso. O projeto, segundo o secretário nacional da Fazenda, Oscar Lamberto, será "austero, como o que faria qualquer família". A aprovação de um orçamento equilibrado " sem déficit " é considerada essencial para a retomada das negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), depois da moratório da dívida pública de US$ 141 bilhões.
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