Tratores e caminhões bloquearam ontem o trânsito em frente ao Banco do Brasil de Giruá, no noroeste do Rio Grande do Sul. Os agricultores colocaram as máquinas na rua para protestar contra a demora na liberação de recursos para o setor.

Os produtores reivindicam o repasse do seguro agrícola, da bolsa-estiagem, custeio e ainda um crédito fundiário, para aquisição de terras. O fluxo de clientes no banco não chegou a ser interrompido.

– Só estamos cobrando o que foi prometido. O governo está amolando, criou várias medidas, mas na prática não tem nada – diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Giruá, José Prestes.

O seguro agrícola para quem teve perdas com a seca está sendo pago lentamente, conforme Prestes. Dos 650 produtores aptos a receber recursos do Proagro e Proagro Mais em Giruá, apenas 68 foram beneficiados até agora.

Já o bolsa-estiagem, ajuda de R$ 450 para os atingidos pela estiagem que não fizeram seguro, está parado. No Estado, de acordo com o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Ezídio Pinheiro, 64 mil famílias esperam receber o recurso. Da ajuda, R$ 300 são repassados pela União e R$ 150 pelo governo estadual.

Os agricultores também reclamam dos acordos de importações que o governo federal tem com o Mercosul, que prejudicam o trigo e o arroz.

O delegado federal do Desenvolvimento Agrário no Rio Grande do Sul, Nilton de Bem, afirma que o seguro da agricultura familiar arrecadou de prêmio R$ 15 milhões, que é o que os produtores gaúchos pagaram para ter o seguro, mas o valor das indenizações é de R$ 500 milhões no Estado.

– Já pagamos R$ 250 milhões. Precisamos de autorização do legislativo para ter condições legais para operar os recursos. Não há na história um caso em que o seguro tenha sido pago no primeiro ano. Acreditamos que será pago até o final de outubro. Quanto ao bolsa-estiagem, falta o Ministro da Integração Nacional assinar a liberação.

A Secretaria de Agricultura do Estado informa que o repasse do bolsa-estiagem será junto com o pagamento da União.

SILVANA DE CASTRO/ZERO HORA