| 29/09/2005 22h25min
A greve de fome iniciada na segunda pelo frade franciscano Dom Luís Flávio Cappio, bispo da diocese de Barra, cidade ribeirinha do rio São Francisco, na Bahia, está resultando numa movimentação inédita na luta pela revitalização do Rio, segundo o cientista social Adriano dos Santos Martins, porta-voz do religioso.
O governador de Sergipe visitará o bispo acompanhado da quase totalidade de prefeitos do Estado e lideranças políticas. Representantes de todos os Estados do nordeste ligados à Comissão Pastoral da Terra vão se deslocar para a cidade no sábado para prestar solidariedade a Dom Luís. Ontem aconteceu um ato ecumênico na Igreja Batista de Nazaré, em Salvador e a Igreja Anglicana de Goiás está mobilizada para prestar solidariedade.
O bispo realiza sua manifestação numa pequena capela, onde está morando, na Fazenda Bela Vista, a três quilômetros de Cabrobó, em Pernambuco. Hoje, Dom Luís Flávio Cappio divulgou uma carta à imprensa. De acordo com Cappio, trata-se de um grito silencioso que procura chamar atenção num momento tão mesquinho da conjuntura nacional. O bispo informou que continuará a greve de fome até que o governo federal reveja a decisão de executar o projeto de integração do São Francisco.
O comitê de defesa do Rio São Francisco vai realizar vigílias em frente às sedes do Ibama em vários Estados brasileiros de 3 a 4 de outubro.
Confira a íntegra da carta do frei:
"Uma Vida pela Vida
Declaração
Em nome de Jesus Ressuscitado que vence a morte pela Vida plena, faço saber a todos:
1. De livre e espontânea vontade assumo o propósito de entregar minha vida pela vida do Rio São Francisco e de seu povo contra o Projeto de Transposição, a favor do Projeto de Revitalização.
2. Permanecerei em greve de fome, até a morte, caso não haja uma reversão da decisão do Projeto de Transposição.
3. A greve de fome só será suspensa mediante documento assinado pelo Exmo. Sr. Presidente da República, revogando e arquivando o Projeto de Transposição.
4. Caso o documento de revogação, devidamente assinado pelo Exmo. Sr. Presidente, chegue quando já não for mais senhor dos meus atos e decisões, peço, por caridade, que me prestem socorro, pois não desejo morrer.
5. Caso venha a falecer, gostaria que meus restos mortais descansassem junto ao Bom Jesus dos Navegantes, meu eterno irmão e amigo, a quem, com muito amor, doei toda minha vida, em Barra, minha querida diocese.
6. Peço, encarecidamente, que haja um profundo respeito por essa decisão e que ela seja observada até o fim."
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