| 09/10/2005 14h30min
Visto sob a ótica do investimento, a adesão de produtores rurais gaúchos à atividade de florestamento pode ser encarada como uma poupança de médio e longo prazos. Com tempo de maturação bem mais extenso do que a safra de arroz ou do exigido pela pecuária, a silvicultura exige um tempo mínimo de sete anos até que leve ao bolso do produtor os primeiros retornos. Aos mais pacientes, ou com capital para aguardar os ganhos, o ciclo entre o plantio e o corte pode chegar a 20 anos ou mais.
Estimulada por investimentos de empresas nacionais, leia-se Votorantin e Aracruz, e mesmo internacionais, como da sueco-finlandesa Stora Enso, o florestamento que se enraíza no Rio Grande do Sul apresenta uma novidade considerável aos agricultores e pecuaristas gaúchos, sobretudo da Metade Sul. É na região que, em alguns anos, chamará a atenção entre a paisagem tradicional do pampa a presença de árvores exóticas ao país. Exóticas, mas já adaptadas à região, como o eucalipto e a acácia australianos e o pinus norte-americano. Enquanto o eucalipto conta com cem anos de introdução no Brasil, a acácia foi trazida em 1930, e o pinus, há meio século.
– Pelas condições do solo, como de fertilidade, qualidade e profundidade, essas espécies acabaram se adaptando tão bem no Estado que rendem até mais do que em seus países de origem. O pinus, por exemplo, tem um rendimento, em metros cúbicos por hectare três vezes maior aqui do que nos Estados Unidos. Não é por acaso que estamos atraindo esses investimentos – explica o engenheiro florestal e professor Doadi Brena, integrante do programa Floresta-Indústria RS.
Vantajoso para a indústria, o florestamento também beneficia o produtor porque é uma cultura menos afetada pela seca ou pelo excesso de chuvas. Condições que costumam atingir em cheio cultivos tradicionais de grãos. Outra vantagem da silvicultura é que ela não exige o abandono de outras culturas, como a criação de gado, para que seja implantada, podendo servir como fonte de renda extra.
– A atividade de florestamento convive bem com a pecuária existente na região, como já vemos acontecer – avalia o pecuarista Paulo Ricardo de Souza Dias, integrante da comissão de pecuária da Federação da Agricultura do Estado.
De uma área total de cerca de 15 milhões de hectares que compõe a Metade Sul, o governo do Estado estima que até 5% possa ser ocupada com atividades de florestamento. Ao se unir para explorar a silvicultura no extremo sul do Estado, os gaúchos estão se unindo, também, a uma grande base florestal já existente na Argentina e no Uruguai. No futuro, além do design, o mobiliário que sair do Rio Grande poderá ter, também, madeira 100% gaúcha.
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